Quem é que adora vinhos e nunca passou por uma situação como a que vou descrever a seguir: quando você começa a se interessar pelo um assunto e começa numa busca por informações, fontes confiáveis, literatura disponível e afins mas se depara com palavras e expressões muito rebuscadas, técnicas e sem a mínima vontade de disseminar a informação junto as pessoas mais leigas no assunto? Pois é, eu já passei por isso algumas vezes desde que me iniciei neste mundo e nos meus estudos.
Quase que invariavelmente no mundo dos vinhos é assim: sites na internet, blogs de pessoas que entendem (ou não) do assunto entre outras mídias (impressas inclusive) usam sempre de expressões deveras complicadas e que muitas vezes nós brasileiros médios não estamos acostumados. E minha surpresa foi maior ainda quando li, acho que a umas duas semanas, no caderno Paladar do jornal O Estado de SP sobre este assunto numa reportagem de Eric Asimov para o The New York Times e traduzida pelo jornal, que relatava este tipo de situação.
A reportagem trazia em linhas gerais um comentário de Eric dizendo que este tipo de situação criada pela midia estava afastando as pessoas do consumo da bebiba pois muitas vezes na busca por informações de um determinado vinho, vinícola, produtor, etc a pessoa se deparava com termos e expressões relatando as sensações olfativas ou gustativas de críticos (ou pretensos críticos) do produto com as quais não estava acostumada e se afastava pois não tinha a segurança devida para efeuar a compra. Além disso a reportagem questionava também a utilidade das informações muito técnicas dadas pelos críticos em geral, pois além do já citado acima existe ainda a divergência das descrições entre dois ou mais críticos, gerando ainda mais dúvida no consumidor em geral. Por fim, segundo Eric, uma descrição mais sucinta, falando de textura, densidade, e complexidade ajudariam muito mais.
Outro ponto que me fez pensar neste assunto foi quando eu li de um cara que eu admiro muito, o Luiz Horta, que o vinho está se afastando demais do prazer que ele proporciona ao ser consumido. Ainda segundo sua nota em seu blog, Luiz Horta fala que ele tem percebido com toda sua experiência que os consumidores de vinho não querem mais tanto saber sobre fermentação, barricas de primeiro e segundo uso entre outros termos técnicos. Ele até compara este tipo de leitura, que tem seus fãs obviamente (e eu sou um deles), a leitura de um manual de um eletro doméstico por exemplo, onde estão descritos potência, comsumo, etc.
O que é preciso ter em mente num primeiro momento é que existem pelo menos dois tipos de público que buscam este tipo de informação, os que querem as informações mais técnicas por seus motivos e os que simplesmente querem ter maior segurança enquanto consumidores. Além disso fatores como por exemplo o local, hora, temperatura e contato com que determinada pessoa teve com um vinho e durante toda a sua vida com outros produtos que possuem aromas semelhantes aos descritos no vinho podem fazer toda a diferença. Eu por exemplo nunca vi uma fruta chamada pomelo, mas a mesma já apareceu em diversas descrições aromáticas de vinhos que li por ai.
Ainda assim eu penso que para que possamos ter um aumento expressivo no consumo de vinhos em nosso país, uma das barreiras a serem derrubadas é esta da mistificação e complexidade criada em torno dos vinhos (é claro que existem muitas outras, mas não são objetivo deste post) para que o consumidor médio tenha acesso a informação que venham a auxiliá-lo em suas decisões de compra atuais e futuras. Talvez ajudaria bem mais se falássemos mais sobre como as safras foram conduzidas, se as uvas foram de boa qualidade, se o vinho é complexo ou mais simples e por ai vai. E a partir daí criássemos consumidores mais informados e ai sim avidos por informações mais técnicas e com mais base para dissernir o quão relevante cada informação pode ser.
E você, o que acha deste assunto?
No comments:
Post a Comment