Era próximo das 8h da manhã e eu já estava de pé e tomando café da manhã neste dia que seria bem agitado, afinal havíamos marcado visitas em três vinícolas diferentes, começando pela Pérez Cruz. A manhã estava com bastante neblina e fria, quase nos impossibilitando de ver a cordilheira do quarto do hotel. Nem por isso desanimamos, afinal o dia estava cercado de expectativas. Todo o agendamento fora feito com o auxílio do sommelier da Pérez Cruz, o simpático Pablo, que eu já havia conhecido na ocasião de um evento da vinícola na loja Bacco's (relembrem aqui) e que quis o destino, estivesse aqui no Brasil duas semanas antes da viagem para um outro evento em que minha amiga Roberta estaria presente e a partir dai tudo fluiu com mais facilidade. E assim partimos, chegando nos portões da vinícola pouco mais de um hora depois.
Fomos recebidos pontualmente pela simpática María José, que seria nossa guia pela visita as instalações e posteriormente degustação dos vinhos da vinícola. A Viña Pérez Cruz é considerada uma vinícola boutique por ter uma produção considerada de pequena para médio porte para os padrões chilenos e com uma curiosidade: quase não é conhecida em seu país de origem tendo focado a quase totalidade de sua produção para exportação. Sua história se inicia com a aquisição das terras onde hoje se encontram a vinícola por Don Pablo Pérez Zañartu, um empresário chileno muito conhecido, e posteriormente com a criação da vinícola por sua família após seu falecimento. Segundo a María, Don Pablo nunca chegou a ver o projeto da vinícola funcionando já que esta teria sido fundada em 2002. Ainda segundo nossa guia, dada as condições do clima e de terreno do lugar (alguém lembrou do termo "terroir") a vinícola tem sua produção exclusivamente de vinhos tintos, tendo como grande estrela a casta Cabernet Sauvignon e depois a casta emblemática do Chile, a Carmenére. Podemos dividir seus vinhos em 3 linhas: a de entrada com um Cabernet mais básico, a intermediária com os varietais Limited Edition Malbec (aqui chamado de côt), Carmenére e Syrah além do recém lançado Chaski (Petit Verdot) e a linha top com os blends Liguai e o Quelén.
A vinícola é muito moderna e sustentável, se utilizando das mais recentes técnicas relativas tanto a edificação da vinícola quanto a produção dos vinhos. O prédio da vinícola é feito de madeira e tem o um formato de duas barricas juntas, com os telhados meio que abaulados, o que segundo a própria María facilitam a circulação do ar, fazendo com que a temperatura interna do prédio seja regulada e se mantenha amena com a subida do ar mais quente e menos denso, e mantendo o ar mais refrescado. Grande parte da movimentação do mosto/vinho é feita por gravidade desde o recebimento das uvas num andar mais superior até a fermentação nos tanques de inox e posterior malolática e envelhecimento em carvalho francês e americano. A vinícola está em fase de testes de mais varietais plantadas em seus vinhedos, tais como Grenache e Mouvédre e além disso está finalizando a construção de uma cave subterrânea que será utilizada para o envelhecimento de seus vinhos, desocupando o prédio atual para aumentar sua capacidade produtiva.
Chegamos a hora mais ansiosamente aguardada por todos: a degustação dos vinhos. Fomos direcionados a uma sala misto de cave de envelhecimento e sala de degustações onde já nos aguardavam os vinhos. Aqui degustamos o Cabernet Sauvignon de entrada, muita fruta escura, especiarias, baunilha e leve herbáceo num vinho de corpo médio com uma boa acidez e taninos ainda bem vivos e marcantes (senão me engano o vinho era 2010) e depois um excelente Carmenére Limited Edition muito encorpado, carnudo, notas de frutas vermelhas, pimenta preta com leve mineralidade. Fresco, vivo e com taninos redondos, o vinho realmente chamava atenção. Segunda a María, este último fora eleito o melhor Carmenére do Chile. De qualquer forma, ambos tinham muita qualidade.
Encerrávamos a primeira visita do dia felizes e com a sensação de que o dia seria longo e delicioso!
Até o próximo!
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