Thursday, June 14, 2012

O que fazer quando te pedem uma indicação de vinho "docinho"?

Normalmente pessoas que estão começando ou pretendem entrar no mundo dos vinhos vêem até nós, que temos uma "litragem" ligeiramente maior que a deles, e na maioria dos casos já chegam pedindo uma indicação de vinho tinto que tenha o paladar doce, com normalmente os vinhos de garrafão o são. E ai, o que fazer? Tenho certeza que muito de meus amigos bloggers, especialistas, enófilos mais experimentos e outros já se depararam com esta situação. Eu particularmente já e apesar de já ter discutido um pouco isto com outros amigos, resolvi postar aqui no blog e expandir a discussão a vocês, meu caros leitores, pois li o mesmo questionamento em um site americano e além de me utilizar de certas explicações de lá, vou colocar minhas próprias opiniões.

A principal reclamação dos que se iniciam no mundo dos vinhos, em especial os tintos, é o possível "sabor" que os taninos conferem. Evidentemente é preciso primeiro esclarecer que mais que sabor os taninos, aqueles compostos químicos presentes na pele e nas sementes das uvas principalmente (nas barricas de carvalho que normalmente são usadas para envelhecimento dos vinhos também), transmitem a sensação de secura quando você começa a beber vinhos tintos.

Em contra partida as sensações "desagradáveis" que os taninos possam causar, a idéia aqui é buscar vinhos mais suaves, taninos mais aveludados como por exemplo vinhos feitos com Pinot Noir, Merlot e em certas escalas, por que não, Grenache. Obviamente que toda generalização é burra, mas temos que partir de algum preceito, e eu entendo que este seja um deles.

Outra coisa que precisamos deixar claro é que por vinhos doces normalmente se compreendem vinhos que possuem açúcar residual ao passo que vinhos secos, não. Isto parece bastante óbvio mas existem outras maneiras de se obter a sensação de doçura em um vinho: o paladar de frutas maduras, grau alcoólico, etc. E normalmente estas sensações são as que devemos buscar quando uma pessoa procura um vinho dito "doce" ao invés de buscarmos vinhos mais complexos e mais envelhecidos, onde sensações de tabaco, pimentas, ervas e terrosos que podem ser confundidas com amargor. Generalizando de uma forma até meio "burra" poderíamos dizer para buscar vinhos do novo mundo, onde normalmente temos teores alcoólicos mais elevados, maior extração e frutas maduras.

E se nada disso funcionar, é claro que podemos passar a vinhos como Rieslings e Moscatos, que possuem algum açúcar residual, espumantes (exceção feitas aos extra brut e brut) e alguns vinhos de sobremesa. Mas e vocês, prezados leitores, que dicas dariam a amigos que viessem com tal pergunta? Esta aberta a discussão.

Até o próximo!

12 comments:

  1. Eu, em geral, recomendo um Lambrusco. É um vinho simples de entender, fácil de beber, leve, muito fácil de gostar imediatamente.

    Se a pessoa começa realmente a gostar de vinhos, procura conhecer mais, aí vou indicando outros mais complexos, mas sem entrar de cara num Tannat, melhor ir caminhando pelos vinhos mais fáceis primeiro.

    E assim é o caminho do vinho, eu acho. É difícil gostar de um vinho diferente logo de cara sem entender a proposta dele. Hoje adoro vinhos que não gostava há 5 anos. Certamente, daqui mais 5 anos, vou passar a gostar de vinhos que não gosto hoje, ou deixarei de gostar de vinhos que hoje gosto. À medida que vamos aprendendo mais, e vivendo, os gostos vão mudando, vamos apreciando outras coisas.

    O que sempre digo pra quem vai começar é que o importante é experimentar sempre, e dar outras chances aos vinhos que você não gostou. Pode ser que ele seja ruim mesmo, pode ser que você tenha dado azar em uma garrafa, ou pode ser que só não bata com seu gosto pessoal naquele momento.

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    1. Mateus,

      Obrigado pela visita e por deixar sua opinião. Realmente o Lambrusco é um vinho interessante de ser indicado, mas como os exemplares que vem pra cá nem sempre são confiáveis, procuro evitar. Evidentemente nosso paladar evolui e eu vejo isso por experiência própria. Muita coisa que eu bebia antes eu nem chego muito perto hoje. Mas acho que é assim em tudo de nossa vida.

      Continue conosco.

      Abraço

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  2. Situação difícil, né? Principalmente porque quem costuma pedir assim ainda por cima prefere vinho tinto... Festa na minha casa é sempre complicado, a mulherada só quer saber de "docinho".
    Se gostar de branco, vamos nos asti ou outros espumantes demi-sec, ou então late harvest, sempre levando em conta que aí seria melhor para acompanhar sobremesas; um alemão halbtrocken vai bem para esta turma acompanhar os aperitivos. No caso dos tintos, já foi o difícil recioto della valpolicella, algum sancerre bem levinho, já tomei algum carmenère bem maciozinho também, mas como não é do meu gosto, não me lembro a marca. Pro meu gosto, até um vinho do Languedoc que tomei recentemente parecia "docinho", muita fruta, tanino macio... difícil é convencer quem não gosta de vinho seco!

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    1. Carlos,

      Nem me fale como essa situação é difícil, e piora ainda mais quando o pedido é na frente de outras pessoas e você não pode nem deve parecer arrogante. Eu sempre digo que espumantes moscatel e o próprio Asti como você comentou são tiros mais certos no tocante a vinhos brancos. Quando vamos pros tintos é que complica. Mas estes que você comentou são interessantes. Boas sugestões!

      Continue acompanhando o blog e obrigado pelo comentário.

      Abraços

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  3. Já ouvi falarem muito da indicação do Naturelle como docinho e seco aceitável eu mesmo já experimentei o Santa Julia Chenin Dulce Natural que não é enjoativo e as mulheres gostam muito(um dos mais vistos no meu blog), tem os Lambruscos da vida, e os de mesa mesmo como o Chalisse que já indiquei e gostaram :o|, mas se for para sacanear tem o tal de vinho químico que vende nessas grandes festas do centro e da Paulista rs.

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    1. Baruki,

      Sem sacanagens vai, estas bombas que chamam de vinho nem deveriam aparecer em nossos pensamentos. Quanto aos Chalise e outros vinhos feitos com uvas não viníferas, pode ser algo pra quem está se iniciando mas eu creio que não devemos nem indicar este tipo de coisa.

      Quanto aos outros dois que você indicou eu realmente não conheço, mas agradeço a ajuda, é sempre bom ter mais opções.

      Continue acompanhando o blog.

      Abraços

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  4. Já passei várias vezes por isso, ou então em festas dar um jeito de tentar atender aos vários tipos de doces, com a vantagem de que nesses tipos os custos são sempre mais baixos... O Lambrusco realmente é o que mais atende e ainda pode ser achado nas versões tinto e branco, os espumantes Moscatel do RS também tem ótima aceitação, quem está começando também não vai apreciar um Alemão ou Alsaciano caro, e fica difícil achar bons vinhos doces sem que sejam espumantes ou de sobremesa, na última festa por aqui achei um Branco Argentino da Neto Senetiner (Suave e Refrescante) docinho, aromas florais que teve ótima aceitação do pessoal fã do estilo. Mas achar tintos doces sem que sejam de uvas não viníferas é ainda mais complicado... E concordo com você, se for pra fazer uma introdução nos vinhos secos, o ideal é partir para um Pinot Noir, ou mesmo um Australiano que tendem a ser mais fáceis de beber por parte de quem está começando, e quase sempre se mostra a escolha certa...

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    1. Marcos,

      Obrigado pela visita e pelo comentário. Situações difíceis como essas é que ajudam nosso conhecimento a se expandir não é? Sei que é difícil agradar a todos, mas esse exercício se torna legal.

      Continue acompanhando o blog.

      Abraço

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  5. Belo post, Victor, você realmente "colocou o dedo na ferida" : é mesmo muito comum que algumas pessoas peçam sugestões para vinhos "doces" ou "suaves" ...
    Pessoalmente, e repetindo algo do que você disse e do que já escreveram aqui nos comentários, eu sugiro um carmenère ou um pinot noir. Mas também procuro aproveitar a chance de falar um pouco sobre os taninos, os famosos "vinhos suaves" de uvas não-viníferas brasileiros, a diferença dos vinhos frutados e dos barricados, por aí afora ...
    Abraços e - de novo ! - parabéns pelo blog.

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    1. Nivaldo, obrigado pelas palavras gentis! É sempre bom saber que estamos fazendo um trabalho bacana.

      Quanto às suas sugestões, eu acho que é isso mesmo, aproveitar a oportunidade pra tentar aos poucos mostrar que o mundo dos vinhos é muito mais do que os vinhos "docinhos" ou suaves.

      Continue acompanhando o blog.

      Abração

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  6. Victor, eu nunca provei, mas a Cave de Pedra tem uma linha vinhos chamada Rosa Negra, que é suave, com adição de açúcar através do próprio mosto das uvas, o que não o deixa enjoativo demais.
    O tinto é elaborado através de um corte de uvas finas e tem a assinatura do respeitado Daniel Dalla Valle. Meu irmão e minha cunhada experimentaram e aprovaram. É um vinho que eu indicaria - mas confesso: não é fácil, não... Fora isso, um belo espumante Moscatel acho que seria uma ótima pedida para o público em geral.
    Forte abraço e parabéns pelo blog
    Tiago Bulla
    www.universodosvinhos.com

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    1. Tiago,

      Obrigado pela visita e pelas palavras gentis. Confesso que não conheço esta linha de vinhos mas é uma ótima dica, irei me informar mais sobre.

      Abraço e continue nos acompanhando!

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