Retomando a fase borbulhante aqui do blog, hoje é dia de colocarmos no ar um vinho e sua respectiva harmonização. Veja, antes é necessário relembrar que harmonização não é ciência exata e o que eu transcrevo aqui é o que fizemos em casa e gostamos, simples assim. E claro que a vontade de compartilhar com meus poucos e fiéis é que motiva a isso. Enfim, hoje é dia de espumante luso por aqui, o Aliança Reserva Bruto 2010.
Diretamente do site do produtor, um pouco de sua história: "Foi em 1927 que 11 associados liderados por Domingos Silva e Ângelo Neves decidiram fundar, em Sangalhos (Anadia), a Aliança, que conta já com mais de 80 anos de vida. Esta iniciou a sua atividade exportando de imediato para o Brasil, África e Europa e hoje, mais de 50% da sua produção destina-se à exportação, sobretudo de vinhos, espumantes e aguardentes, imagem de marca da Aliança em Portugal e nos cerca de 60 países para onde exporta. Em 2007, a Bacalhôa Vinhos de Portugal adquiriu o capital maioritário da Aliança, passando esta a pertencer ao Grupo Bacalhôa, tendo sido a designação social das Caves Aliança S.A alterada para Aliança Vinhos de Portugal S.A., momento em que se procedeu igualmente a uma mudança da imagem institucional". Como vemos, história é o que não falta por aqui e claro que toda essa tradição veio junto com nosso colonizadores e se enraizou por aqui nestes longos anos de descobrimento até o que a então colonia se tornou hoje.
Já falando um pouco do espumante, um corte inusitado de 65% Bical, 25% Baga e 10% Arinto, todas vindas da região da Bairrada, em Portugal e elaborado pelo método tradicional (segunda fermentação em garrafa) com direito a 15 meses de contato com as leveduras. Atinge 12,5% de graduação alcoólica. Vamos as impressões.
Na taça uma bonita cor amarelo palha com reflexos verdeais, bastante brilho e boa transparência. Borbulhas pequenas, abundantes e bem persistentes formando uma boa coroa na taça.
No nariz aromas de frutos cítricos e brancos, toques florais e leve lembrança de fermentação.
Na boca excelente acidez, corpo médio, boa cremosidade gerada pelo colchão de bolhas e bem refrescante. Retrogosto confirma o olfato com muita fruta e com um final de longa duração.
E para acompanhar? Se preparem para as delícias que vem na sequência. Minha esposa preparou magnificamente um filé de Saint Peter enrolado com farofa a lá Buddy Valastro (do programa televisivo Kitchen Boss no canal de tv pago Travel and Living Channel) numa cama de abobrinha refogada com anchovas. Vamos ao preparo.
A farofa a la Buddy Valastro é simples: pegue pães amanhecidos e faça uma farinha de rosca, acrescente salsinha, queijo pecorino ralado, alho desidratado, ervas finas e voilá, está pronto. Reserve. Pegue os filés de peixe, passe um fio de azeite em cada um e coloque uma quantia generosa de sua farofa. Enrole o peixe com a farofa dentro, fazendo um rocambole. Prenda com um palito e reserve. Prepare uma assadeira untada com um pouco de azeite, coloque rodelas de limão siciliano e ajeite um peixe enrolado encima de cada fatia de limão siciliano. Regue cada peixe com um pouco de azeite e cubra com mais uma pequena quantidade da farofa. Acrescente uma xícara de chá de vinho branco na assadeira. Coloque a assadeira em um forno pré aquecido por vinte minutos.
Já a abobrinha também é bastante simples. Pegue quantas abobrinhas quiser (para servir as pessoas que estarão contigo) e corte em fatias nem muito finas nem muito grossas, quase como se fosse a espessura de um macarrão talharim (um pouco mais). Depois tempere-as um pouco com pimenta do reino e reserve. Pegue dois dentes de alho e amasse. Coloque um pouco de azeite em uma panela, acrescente o alho amassado e um pouco do óleo que vem junto com os filés de anchova. Quando começar a fazer o barulhinho característico de que o óleo já está quente acrescente os filés de anchova (a gosto) e faça com que eles desmanchem. Acrescente a abobrinha e refogue, sempre provando até que a mesma esteja cozida. Ajuste o sal, caso necessário.
A montagem do prato é interessante. Faça uma cama com a abobrinha recheada primeiro e depois acrescente o filé de peixe por cima, retirando o palito. Está pronto pra servir! O casamento entre o espumante e o prato foi perfeito. Tentem fazer em casa.
Até o próximo!