Friday, March 28, 2014

Salton Reserva Ouro Brut

Dando continuidade aos trabalhos do último Winebar Salton Talento 10 anos que participamos, o último vinho a ser degustado e comentado por aqui é o espumante Salton Reserva Ouro Brut. E eu acho que poderíamos dizer que fechamos com chave de "ouro". Trocadilho infame, mas acho que funcinou por aqui.


Este vinho espumante é produzido pelo método charmat, ou seja, tem sua segunda fermentação em tanques de inox onde fica em contato com as leveduras por aproximadamente 6 meses. Tem ainda em sua composição 60% Chardonnay, 20% Riesling e 20% Pinot Noir. Existe ainda uma curiosidade a cerca da produção deste vinho, onde 20% do vinho foi fermentado e conservado em barris de carvalho novo, norte americano e meio tostado. Vamos as impressões?

Na taça uma bonita cor amarelo palha com toques esverdeados. Borbulhas de tamanho médio, boa intensidade e persistência. 

No nariz o vinho apresentou aromas de frutos como abacaxi e pêssego, toques de fermentação e mel. Leve lembrança floral.

Na boca o vinho tinha bom corpo, acidez pronunciada e boa cremosidade. Retrogosto confirma o olfato e tem um final de média duração.

Um bom vinho espumante, pelo preço me parece justo e bem competitivo. Acompanhou uma refeição leve de tilápia a milanesa com abobrinha refogada com azeitonas e aliche. Eu recomendo.

Até o próximo!

Thursday, March 27, 2014

Cave de Pedra Winery: Volta ao passado!


Passada a hora do almoço, saímos de Faria Lemos e pegamos a estrada de volta ao Vale dos Vinhedos, prontos para nossa próxima parada. Embora ainda não estivesse com 100% de certeza de qual seria a próxima visita a ser feita, ao passar na porta da Cave de Pedra Winery não tinha mais dúvidas: seria lá. Confesso que a visita à vinícola estava na minha lista de afazeres, mas não sabia em que momento isso aconteceria.


A Cave de Pedra Winery é toda construída em pedra basalto (rocha matriz da região do Vale dos Vinhedos), com arquitetura que lembra os castelos medievais, daí o nome da vinícola e o título do post. E foi construída assim pois os proprietários, além do gosto pessoal pela época e por tal arquitetura, pensaram também em uma maneira ecológica e mais barata para favorecer a manutenção de temperaturas amenas, necessárias para o amadurecimento e envelhecimento dos vinhos. A vinícola tem produção limitada de vinhos e espumantes, mantendo assim a tipicidade do terroir do Vale dos Vinhedos. Sua especialidade é a elaboração de espumantes pelo processo tradicional (segunda fermentação em garrafa). Possuí diversas linhas e estilos de vinificação, produção esta que está contida em cerca 45.000 garrafas anuais, que ainda pode variar de safra para safra, dependendo da qualidade das uvas. Tem como principal meio de vendas o varejo da própria vinícola. Conta ainda com um vinhedo "didático" na entrada da sede da vinícola para fins de visitação e degustação de uvas diretamente do pé (uma deliciosa brincadeira, diga-se de passagem), além de espaços que podem ser utilizados para eventos e degustações para grupos de até 300 pessoas, senão me engano.


Caminhar pelo interior das construções da vinícola é literalmente se transportar para uma época em que tínhamos homens sobre cavalos empunhando espadas, disputas por princesas, moedas de ouro como dinheiro vigente e por ai vai. A medida que passamos para os locais mais internos, a temperatura realmente cai de maneira rápida. Caves de envelhecimento, racks para remuage, tudo isso está presente no interior do "castelo". Depois desta viagem no tempo, era hora de fazermos o que de melhor fizemos em todas as visitas, degustar. Como existiam diversas linhas de vinhos, focarei em dois que foram nossos preferidos, como já de costume por aqui no blog. Vamos a eles.


O primeiro deles, um vinho espumante, é o Cave de Pedra Extra Brut. O vinho em questão é um espumante "blanc de noir", ou seja, um espumante feito com uvas tintas (no caso a Pinot Noir) só que vinificada em base para espumante branca (deixando o contato do mosto com as cascas e substâncias coloríficas o menor possível). As uvas para o espumante são todas de vinhedos próprios localizados no Vale dos Vinhedos. Como dito anteriormente, o espumante é feito pelo método Champenoise. De coloração amarelo dourada, tem uma perlage fina, persistente e elegante. Aromas de frutos secos, panificação e toque de nozes ao final. Bom corpo e bastante cremosidade. Acidez pronunciada. Retrogosto confirmando o olfato num final de longa duração. Belo espumante sem dúvidas.


Por fim, o segundo vinho destacado aqui é o Adaga Marselan. Feito a partir desta casta italiana, este vinho é um deleite. Boa estrutura, acidez, taninos e corpo em harmonia. Cor violácea de média intensidade com ótimo brilho, lágrimas finas, rápidas e ligeiramente coloridas. Aromas de frutas, pimenta e toques terrosos. Na boca bom corpo, boa acidez, taninos macios e prontos pra ser consumido. Final de longa duração. Me pareceu um vinho bem gastronômico. Interessante e com uma casta não muito comum por aqui.

E chegávamos ao fim de mais uma visita incrível. Um lugar fantástico esse tal de Vale dos Vinhedos não? Difícil não se encantar. Mas o mais difícil era se despedir, algo que já começávamos a pensar. 

Até o próximo!

Wednesday, March 26, 2014

Salton Talento 2009 & Salton Intenso Merlot 2010

Ontem foi mais um dia de Winebar e portanto, mais um dia de degustação de vinhos bacanas, trocar idéias com pessoas diferentes de vários lugares deste Brasil e é claro, aprender mais sobre vinhos, neste caso sobre vinhos brasileiros e sobre a Vinícola Salton. Como já disse em post anterior, este Winebar também era comemorativo para a Salton, que fazia festa para os 10 anos do lançamento de seu vinho ícone, o Salton Talento. Embora tenham sido degustados 3 vinhos durante o programa de ontem, falaremos aqui dos dois que conseguimos provar a tempo da degustação.

A Vinícola Salton é uma gigante do vinho no mercado nacional e tem uma vasta gama de produtos. Sua história é muito conhecida e amplamente difundida por aqui pois já passa dos 100 anos. Segundo o site do próprio produtor: "Essa história começa na Itália, em 1878, quando Antonio Domenico Salton partiu da cidade de Cison di Valmarino, na região do Vêneto, à procura de oportunidades melhores no Brasil. Um século depois, a Salton é reconhecida como uma das principais vinícolas do país. Na extensa lista de conquistas destes maios de 100 anos de história comemora o fato de ser familiar e 100% brasileira. Com a terceira geração à frente da empresa, tanto na Unidade em Bento Gonçalves quanto em São Paulo, revela em seus quadros a quarta geração Salton, que promete o mesmo empenho e dedicação com que a empresa foi comandada até agora".


O primeiro vinho degustado foi o Salton Talento 2009. Apesar de já te-lo provado em outras ocasiões, desta vez com mais conhecimento e "litragem", pude entende-lo de uma maneira mais clara. Este vinho é um corte de três uvas, Cabernet Sauvignon, Merlot e Tannat dos melhores vinhedos da vinícola em duas regiões do sul do Brasil. Depois do suco fermentado estar pronto, vai para as barricas de carvalho francês novas por 12 meses onde amadurece e ganha complexidade. Por fim, descansa por 12 meses em garrafa antes de ser liberado para o mercado. O resultado é, segundo nossa avaliação, um vinho de cor rubi violácea de grande intensidade com alguns reflexos granada. Lágrimas finas, ligeiramente mais "lerdas" e espaçadas na taça. No nariz, aromas de frutas vermelhas maduras, chocolate, tabaco, couro e toques de especiarias (pimenta). Em boca um vinho de corpo médio para encorpado, boa acidez e taninos macios, redondos e prontos pra beber. Retrogosto confirma o olfato em um final de longa duração. Um grande vinho brasileiro, foi acompanhado por um risoto de tomates secos com parmesão e um bife ancho grelhado. Combinação nota dez, eu recomendo!


E finalmente o último vinho que iremos comentar por aqui hoje é o Salton Intenso Merlot 2010. Este vinho faz parte de uma linha um pouco mais recente da vinícola, mas que entra em uma posição intermediária por assim se dizer. Feito com 100% de uvas Merlot, o vinho passa por 6 meses em barricas de carvalho e mais 6 meses de envelhecimento em garrafa, antes de ir para o mercado. Como resultado, segundo nossa avaliação, um vinho de cor violácea de grande intensidade, lágrimas finas e ligeiramente coloridas. Aromas de frutos negros, especiarias, toques herbáceos e madeira. Em boca um vinho de corpo médio, boa acidez e taninos finos e macios. Retrogosto confirma o olfato, final de média para longa duração. Mais um bom vinho desta linha que, pelo preço sugerido (ao redor dos 30 dinheiros), é uma ótima opção para o dia a dia. Este foi escoltado por um excelente Coq au Vin que se não foi o casamento perfeito, andaram lado a lado sempre em frente. Eu também recomendo.

E assim foi mais um Winebar com parceria da Vinícola Salton. Grandes vinhos, boas notícias da vitivinicultura nacional e claro, muito aprendizado com a galera que sempre está presente. Honrados por estarmos dentro deste seleto grupo que participa destas degustações, deixamos os agradecimentos aos organizadores e a próprio Salton e nos despedimos por aqui.

Até o próximo!

Tuesday, March 25, 2014

Torres: marca de vinho mais admirada do mundo?

A Torres SA possui marcas espalhadas pelo mundo, a saber, locais como Espanha (nasceu lá), assim como Califórnia e Chile e agora também teve reconhecido seu braço espanhol, Torres, como a marca mais admirada no mundo do vinho. Pelo menos é o que diz uma recente pesquisa, feita tomando-se como base profissionais do mercado de vinhos ao redor do mundo.

Espumante feito pelo braço chileno da Torres SA

Depois de bater na trave nos últimos três anos na pesquisa da "Drinks International", a marca de propriedade familiar espanhola conseguiu superar a até então campeã do último ano, Casillero Del Diablo. Mas a marca chilena pertencente a Concha Y Toro se manteve na batalha e perdeu seu reinado por pouco, ostentando agora a segunda colocação. Logo em seguida, na terceira posição, encontramos o  bordalês Château Latour, e em quarto lugar o super toscano Tignanello, pulando 28 pontos na pesquisa deste ano.

Mais de 200 profissionais do vinho em todo o mundo participaram do processo de votação. Os critérios para a pesquisa de 2014, publicados na edição de março da "Drinks Internacional" incluíam: o vinho deve possuir uma consistente melhoria da qualidade e ele deve ter um forte apelo a uma ampla região demográfica.

Os quinto e sexto lugares são ocupados pela marca australiana Penfolds e pela lenda de Sauternes,o Château d'Yquem, enquanto os lugares restantes que completam o top 10 estão contemplados por Château Margaux, Cloudy Bay, Guigal e Vega Sicilia, respectivamente.

Não sei ao certo se houve participação de profissionais brasileiros nesta escolha, mas ao que me parece, a marca Casillero del Diablo, ao menos em nosso país, tem forte apelo. Mas penso que somente a pesquisa não é suficiente pra dizer se uma determinada marca de vinho tem ou não penetração suficiente em todo o mundo. De qualquer modo, a pesquisa está ai, compartilhada com vocês.

E você, digníssimo leitor, o que acha do resultado da pesquisa? Concorda? Discorda? Quais são as marcas de vinho que você mais admira no mundo? E quanto as nacionais? Deixem as suas opiniões e debatamos sobre o assunto.

Até o próximo!

Monday, March 24, 2014

Vinícola Estrelas do Brasil: No topo do mundo!

Depois de todo o contato que tivemos com a natureza, fruto de nossa visita ao Parque Temático Dal Pizzol, além das baterias recarregadas, eu poderia jurar que pouca coisa me surpreenderia a partir daqui nesta viagem de imersão aos vinhos brasileiros. Eu estava completamente errado. Por indicação de uma amiga, a Evelyn do blog Taças e Rolhas, resolvi incluir em meu roteiro a visita a Vinícola Estrelas do Brasil ainda em Faria Lemos, já afamada por seus vinhos espumantes espetaculares (havia provado um deles inclusive). 


A estrada era sinuosa e ia subindo como se fossemos encontrar o céu. É claro que o dia ajudava e o sol mostrando sua cara, de maneira a iluminá-lo. De repente. seguindo as indicações e placas do caminho, me deparei com uma casa e uma vista deslumbrante. Depois de muito me questionar e questionar minha esposa se estávamos no lugar correto, achei por bem desistir e me contentar com o fracasso. Qual não foi minha surpresa ao descer do local onde a casa se encontrava e cruzar um homem guiando um casal e seu cão por alguns vinhedos, ao questioná-lo se ele conhecia a vinícola, o mesmo me dizer que sim e que eu poderia encostar o carro em um platô logo a frente. O homem era Irineo Dall’Agnol, enólogo e proprietário da vinícola.

Irineo é um homem peculiar. Formado em Ciências Agrárias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Enólogo pela Escola de Enologia de Bento Gonçalves - RS, possui algumas especializações na área, inclusive fora do país, além de trabalhar também na Embrapa, em um departamento cujo foco são inovações vitivinícolas. Mas o que o diferencia dos outros enólogos com quem conversei, é sua franqueza. Enxergou que o potencial dos espumantes brasileiros, apesar de já ser reconhecido lá fora, estava subutilizado e defasado tecnologicamente. Além dos vinhos espumantes de grande qualidade, comprou sua propriedade pensando também no enoturismo, seguimento que não para de crescer ao redor do mundo, que conta com uma das vistas mais incríveis que já presenciei até hoje: o vale de Faria Lemos.

  
A Estrelas do Brasil foi fundada em 2005 tendo como objetivo principal de atuação focado na elaboração e comercialização de vinhos espumantes finos de qualidade. O nome ESTRELAS DO BRASIL é uma homenagem especial ao descobridor Dom Pérignon que no ano de 1670 na região de Champagne, França, após desvendar esta magnífica bebida saiu gritando "Estou Provando Estrelas". Além do emprego de novas tecnologias, como o uso de leveduras encapsuladas que fazem com que o processo de remuage não se faça necessário na produção de seus vinhos espumantes ou mesmo a produção de um belo Proseco através de um método de única fermentação ao melhor estilo Asti, prezam pelo meio ambiente e saúde de seus consumidores. Conta com quase que único meio de vendas seu website na internet.

Depois de uma passeio a pé em meio a vinhedos e mais vistas arrasadoras, nos sentamos em cadeirinhas de madeira aos pés do vale e da serra a fim de degustarmos algumas de suas obras de arte. Ele pediu que escolhêssemos o que iriamos degustar. Optei então por dois dos vinhos espumantes que irão ser comentados na sequencia.


O primeiro vinho espumante degustado foi o Estrelas do Brasil Brut Proseco, obtido pelo método charmat com uma única fermentação (similar ao método Asti), com 100% de uvas Prosecco(Glera). Um espumante leve, de cor quase prateada (como os bons exemplares italianos são) e com perlage fina, abundante e muito persistente. Aromas de frutos cítricos e florais, bastante fragrante. Fresco, leve, vai bem em muitas ocasiões, mesmo que bebido sozinho. Esse evapora da garrafa com toda certeza.

Já o segundo exemplar que foi degustado foi o Estrelas do Brasil Nature Rosé Champenoise, obtido pelo método champenoise (segunda fermentação em garrafa), a partir de um corte das uvas Pinot Noir, Chardonnay, Viogner e Rieslig Itálico. Este espumante já é outra história, mais encorpado e volumoso em boca, apresentou uma coloração rosa clara com perlage persistente e de bolhas minúsculas. Aromas terciários em evidência, lembrando terroso, fermentação, defumado e com frutas em segundo plano. Ótima acidez, sem se tornar agressiva, conta ainda com um final de longa duração. Às cegas diria se tratar de um bom champagne. 

A hora de se despedir deste espetáculo da natureza, de bons vinhos e muitas histórias foi um pouco doloroso. Mas era hora de darmos continuidade a nossa viagem. O que será que viria depois? Será que ainda conseguiríamos nos surpreender? Só o tempo diria.

Até o próximo!

Winebar Salton: É amanhã!

Salton Talento completa 10 anos e serão apresentadas mais novidades!


Como já é de praxe por aqui, amanhã participaremos de mais um Winebar, o primeiro de 2014, em parceria com a Vinícola Salton, em comemoração aos 10 anos de lançamento do vinho ícone deles, o Salton Talento. Além disso, iremos provar também algumas novidades que eles estão lançando no mercado, o Salton Intenso Merlot e o Salton Reserva Ouro, além é claro da última safra do Talento, a 2009.

Para quem nunca participou e tem duvidas, é muito fácil. É só acessar a transmissão ao vivo, que será no endereço: http://www.winebar.com.br/aovivo/. A transmissão começa as 20:00h de Brasília e será transmitida diretamente da sede da vinícola, em Tuiti com apresentação do Daniel Perches.

O Winebar é sempre uma degustação descontraída onde provamos juntos com os convidados e o mediador, na nossa casa, alguns ótimos vinhos das vinícolas participantes, no caso, a Salton. Se quiser ainda preparar um prato que goste para acompanhar os vinhos durante a degustação, faça vontade nos outros participantes, é sempre muito divertido.

Durante a transmissão, todos os convidados estarão trocando ideias e enviando perguntas através de um bate-papo, que fica no quadro ao lado do video. Então se você tiver perguntas, é só enviar pelo bate-papo que as mesmas serão repassadas ao Daniel e serão respondidas ao vivo, junto com o convidado.

Eu estou pronto e apostos com meus vinhos, e me sinto muito contente em ser um dos convidados. E você ai, vai perder?

Até lá!

Thursday, March 20, 2014

Vinícola Dal Pizzol: uma visita "diferente"

Retomando as postagens relacionadas a nossa recente viagem ao Vale dos Vinhedos, nas Serras Gaúchas, chegou a hora de falar de uma visita que sem dúvida nenhuma não é muito convencional, quando falamos de visitas a vinícolas, que foi a visita a Vinícola Dal Pizzol. E vou explicar o por que.

Antes, uma rápida apresentação sobre a vinícola. A Dal Pizzol é uma vinícola familiar que desde 1974 se dedica a elaboração exclusiva de vinhos finos. De uma produção anual de 300 mil garrafas (225 mil litros), a vinícola possui uma ampla variedade de produtos nas marcas Dal Pizzol (62% da produção) e Do Lugar (38%). Deste total, 51% são vinhos tintos, 12% vinhos brancos, 32% espumantes e 5% suco de uva. Agora que sabemos um pouco mais sobre eles, que tal voltarmos aos relatos da visita?

Sequencia de imagens que mostra um pouco da natureza (coelho) e máquinas antigas ao fundo

O dia ainda se espreguiçava e timidamente o sol começava a dar as caras em Faria Lemos quando chegávamos ao portão de acesso ao "Parque Temático Dal Pizzol". Deve ser nesta parte que você, caríssimo leitor, deve começar a se perguntar: parque temático? Pois é isso mesmo que você leu. A proposta aqui é proporcionar ao visitante mais do que simplesmente degustação de bons vinhos e espumantes mas a de fazer com quem não está acostumado em seu local de residência, ter um contato maior com a natureza e recordar um pouco do que foi a história do vinho na região. Tudo isso num espaço de mais de 80 mil metros quadrados onde antigamente funcionava uma olaria, também da família. Lá existem, além dos lagos, toda fauna e flora presentes, um museu de maquinas vinícolas antigas e um outro museu que conta um pouco da história do vinho (chamado de Eco Museu). Neste último, em um espaço aconchegante e instigante, é possível encontrarmos garrafas das mais variadas épocas e países, uma coleção de saca rolhas, ânforas e maquinas usadas muito antigamente no cultivo das uvas e produção de vinhos entre outras atrações.

Quadro onde consta a coleção de saca rolhas

Um pouco de história: garrafas de várias épocas e países diferentes
Outro grande diferencial do lugar é o que por lá é conhecido como "Vinhedo do Mundo", uma coleção de parreiras com centenas de variedades de uvas de todas as partes do mundo! Com estes vinhedos, a vinícola e suas parceiras tendem a fazer estudos de aclimatação e desenvolvimento dos cultivares na região, através de colheitas anuais de diferentes castas, tornando isto inclusive um evento cultural e institucional.

Imagem da placa que explica um pouco sobre as videiras plantadas no "Vinhedos do Mundo": foto retirada do site do produtor

Existe lá também uma enoteca, local este que serve bem ao propósito dos aficionados por vinhos antigos. Instalada dentro de um dos fornos da antiga olaria, o lugar conta com garrafas de diversas safras antigas da vinícola, onde muitas podem ser consideradas raras e por que não, peças que serviriam também ao museu. 

Mas como tudo aqui acaba em vinho, ao término de todo nosso passeio, nos dirigimos ao varejo da vinícola a fim de provarmos alguns de seus rótulos. Para não alongar ainda mais o post e seguindo minha linha de postagem até aqui, vou falar de dois vinhos que me chamaram atenção.

O primeiro vinho degustado, e aprovado, que vou falar por aqui é o Dal Pizzol Ancellota. Como já devem ter visto eu falar por aqui vez ou outra, gosto e sou curioso em provar vinhos diferentes, seja na casta, seja na região, enfim, coisas que ainda não tinha provado. E este vinho se encaixa na descrição. Esta casta tem origem italiana e é pouco plantada e divulgada por aqui, mesmo com toda imigração e antepassados italianos que Bento Gonçalves e região carregam. Feito com 100% da casta, o vinho não passa por madeira, somente estabilização em tanques de inox e depois garrafa, antes de ser liberado ao mercado. Trás uma bonita cor rubi com tendências ao granada, aromas de frutos vermelhos, couro, tabaco e especiarias. Na boca é de médio corpo, taninos marcados e boa acidez. Me lembrou comida, na hora. Gostoso final.

O outro vinho que gostei é o Dal Pizzol Touriga Nacional. Este feito com esta casta de origem portuguesa (100%) também não passa por barrica, adotando o mesmo processo do anterior, com estabilização em tanques e garrafa antes de ser liberado ao mercado. Vinho de coloração mais violácea que o anterior, trás nos aromas muita fruta vermelha e um floral intenso. Em boca tem corpo médio, boa acidez e taninos macios e redondos. Final de média para longa duração.

E assim nos despedíamos de mais um visita, revigorados com este encontro com a natureza e com ma vontade de voltarmos ao lugar para que tudo ao redor possa ser insiguinificante perto do que a mãe terra teria a nos oferecer. Mas tínhamos ainda muito a visitar, a jornada continuava.

Até o próximo!

Wednesday, March 19, 2014

Old Vine Zinfandel & hambúrgueres caseiros!

Aqui em casa é assim, viu uma receita boa seja na tv, internet ou qualquer outra publicação sobre o assunto que logo queremos reproduzir e incrementar. Eis que certo dia vimos no site Cuecas na Cozinha uma receita fácil e rápida de hambúrgueres caseiros e pronto, decidimos que essa seria a receita da vez. E claro que a difícil tarefa de harmonizar a comida com o vinho tinha que ser cumprida, e a escolha recaiu sobre este Old Vine Zinfandel. Já falei que sou tarado por Zinfandel? Então.


O vinho de hoje é feito pela Oak Ridge Winey, localizada em Lodi, na Califórnia, dita como berço de bons exemplares da casta por lá. Lodi está situado entre o pé de Sierra Nevada e a Bahia de São Francisco. Dias quentes e brisa fresca à noite (influências marinhas) criam um clima excepcionalmente mediterrâneo perfeitamente adequado para cultivar a Zinfandel. Vinhas velhas, algumas com mais de 120 anos de idade, retorcidas e esculpidas pelo tempo, produzem pequenas quantidades de frutas para criar um vinho que é a expressão máxima do terroir. Vamos as impressões.

Na taça uma bonita cor violácea de média para grande intensidade, bom brilho e quase nenhuma transparência. Lágrimas finas, lentas, levemente espaçadas e com alguma cor compunham também o aspecto visual.

No nariz o vinho mostrou frutas vermelhas, toques de café, chocolate amargo e leve mentolado ao fundo.

Na boca o vinho apresentou corpo médio, boa acidez e taninos finos e macios. Retrogosto em sintonia com o olfato. Final de média para longa duração.

Mais um bom representante da casta Zinfandel, que agrada facilmente paladares de iniciantes e os já mais escolados. Fez um bom par com nossos hambúrgueres caseiros, recheados com queijo cheddar e pães integrais. Me senti criança comendo e bebendo tamanha felicidade. Eu recomendo. Este vinho me foi apresentado pela Smart Buy Wines e valeu a prova.

Até o próximo!

Tuesday, March 18, 2014

Fantôme Saison: grande cerveja belga da Brasserie Fantôme

Eu sei que o espaço aqui é normalmente cedido a vinhos e viagens relacionadas a tal, experiências gastronômicas e afins. Sei também que não sou expert em cervejas, apesar de gostar muito, mas sempre que posso e acho que devo, cedo espaço aqui para elas. E hoje não será diferente, quero compartilhar com vocês minha experiência com a Fantôme Saison.


A Fantôme Saison é produzida por uma pequena cervejaria familiar localizada no vilarejo belga de Soy, situado na região da Valônia, a Brasserie Fantôme, que foi criada em 1988 por iniciativa de Dany Prignon e seu pai . Tendo trabalhado durante vários anos em vários grupos para o turismo, Dany e seu pai esperavam reviver um pouco de sua aldeia, sua cidade, sua região e procurando uma atração local, se interessaram por receitas antigas de cervejas.

A especialidade da cervejaria é a cerveja do estilo Saison, cervejas estas pertencem a família das Ales (cervejas de alta fermentação). O estilo é típico do Sul da Bélgica, mais especificamente da região da Valônia, quase que fronteiriço com a França. O nome significa “estação do ano”, em tradução livre do francês, e foi dado porque a cerveja era produzida durante o inverno e primavera, sendo guardada para ser consumida no verão. Tudo isso antes de existirem os equipamentos de refrigeração, o que tornava inviável a produção destas quando esquentava. A solução foi diminuir a quantidade de açucares fermentáveis e usar leveduras que atacassem a bebida lentamente. Bastante carbonatada, normal­men­te fermentada no barril, a cerveja é densa, apresenta cor alaranjada e tem aromas complexos, lembrando principalmente o caráter cítrico. Comumente são adicionados temperos à bebida, o que aumenta ainda mais a pluralidade de sabores. Possui bom equilíbrio entre o dulçor do malte, amargor do lúpulo e acidez, tendo fi­nal mais seco. É também conhecida como Farmhouse Ale, ou cerveja camponesa. Vamos então as impressões.

Na taça (usei a de vinho mesmo, achei que merecia) apresentou uma cor tendendo ao âmbar com um creme levemente amarelado, denso e muito persistente.

No nariz apresentou aromas cítricos e frutados com toques de especiarias e herbáceos ao fundo.

Na boca apresentou bom corpo, acidez leve e equilibrada. Retrogosto em sintonia com o olfato, tendo um toque final meio "salgado" que fica por um bom tempo na boca.

Uma cerveja deliciosa e refrescante, que cresceu também quando ingerida com comida: filé de frango enrolado com farofa e molho de mostarda dijon. Eu recomendo a prova. Esta me foi apresentada pelo Celso, do Empório Hopfields em São José a quem agradeço por sempre me apresentar estas preciosidades.

Até o próximo!

Wine Class Bella Quinta: Parte final

Dando continuidade a postagem anterior, como eu vinha dizendo, continuávamos a aprender sobre o processo de vinificação e agora teríamos uma chance de ouro: provaríamos um vinho da uva Merlot que tinha acabado de passar pela fermentação alcoólica e não havia passado pela malolática. Era um recém nascido assim por se dizer. Em virtude da etapa do processo em que se encontrava o vinho, ainda não conseguíamos sentir os aromas que normalmente sentimos quando estamos com uma taça de vinho em nossas mãos. Ele tinha álcool sobrando e no nariz tinha um frutado mais voltado para o aroma das uvas ainda. Na boca tinha uma acidez um pouco mais agressiva, era quente (álcool sobressaindo) e tinha taninos bem marcados. Aliás a combinação álcool e taninos quando combinada e em excesso tende a crescer um pouco mais. Um quê de amargor no final que em determinado incomodou um pouco.

Cristais de tártaro nas paredes internas da cave, que antes foram utilizadas também como lagares
Passada a fase experimental e prática da aula, passaríamos então a uma área externa da vinícola, a mesma em que tivemos o privilégio de tomar o café da manhã, mas com uma vista ainda mais bonita: o céu nos brindara com um azul de brigadeiro e um sol bonito iluminando o dia que se seguia. Era hora de provar alguns vinhos que a vinícola produz e almoçar. Tentando não deixar o post cansativo e muito grande como o anterior, vou destacar aqui 3 vinhos.

Cardápio do almoço
O primeiro vinho que gostaria de destacar é um exemplar curioso: apesar de ser um vinho considerado de mesa, em boca não demonstra tal vocação. Falo do Palmares Branco Seco Moscato. Vinho simples, fragrante e perfumado com toques de frutos e flores, é fresco na medida e agradável. Serve bem de aperitivo e para uma entradinha leve, tanto que com os petiscos e com a saladinha foi bem. Entrega o que promete sem cerimonias.


Depois a coisa ficou séria e um vinho que também tem a vocação de ser para o dia a dia, até pelo preço praticado, mas que também se mostrou companheiro de uma boa refeição. Era a vez do Bella Quinta Cabernet Sauvignon Reserva 2006. Vocês não leram errado não, era um vinho 2006 mesmo. Passou 8,5 meses em barricas de carvalho e mais um tempo em garrafa. Frutos vermelhos bem maduros em primeiro plano. Depois especiarias e leve toque herbáceo. Tripé acidez, taninos e corpo muito equilibrado. Macio e fácil de beber. Esse acompanhou de forma heróica suculentos bifes de filé mignon.


Por fim uma grande, e grata, surpresa. Um vinho de sobremesa incrível e inusitado. Falo do Branco Licoroso Niágara. E haja curiosidade também com este vinho. As uvas, de mesa e não viníferas, da primeira safra que compõe o vinho foram colhidas em 1990 e ficaram em um tonel de 1500 litros desde então, sendo sempre retiradas amostras do vinho e repostas a cada vez que isso ocorre. As uvas são dali mesmo, num parreiral que conseguíamos avistar e chegar bem perto. De coloração âmbar e com notas de frutos secos como damasco e toques de mel o vinho era doce mas não era enjoativo pois tinha uma acidez que conseguia fazer um contra ponto interessante. Esse foi companheiro de sorvete de creme e manjar branco.

Área externa da vinícola
E assim passamos mais um pedaço da tarde, curtindo a vista, a comida, a bebida e os amigos. Era o fim de uma grande experiência, de muito aprendizado e de uma oportunidade incrível de participar, mesmo que de maneira curta, no processo de produção de uma vinho. A quem nunca teve oportunidade, recomendo fortemente que o faça. O Gustavo, da Bella Quinta, costuma fazer isso sempre ao final da vindima e, tem projetos audaciosos para sua vinícola em São Roque. Quer transformar o lugar num espaço enoturístico aos moldes dos que já encontramos em regiões mais ao sul do país. Eu apoio a idéia e no que depender do blog, estaremos sempre prontos a divulgar e apoiar tais iniciativas.


Até o próximo!

Monday, March 17, 2014

Vinícola Bella Quinta & São Roque: recuperando a identidade do vinho paulista!

Eu tenho a idéia de que muitos, ao simplesmente lerem o título deste post provavelmente irão desistir de ler seu conteúdo ou irão até desdenhar do que pode vir abaixo. Entretanto, recomendo aos que chegaram até aqui, que esperem um pouco e não irão se arrepender. As notícias que trago diretamente "do campo" são extremamente gratificantes e encorajadoras paras aqueles que gostam de vinho ou mesmo que um dia pensam em trabalhar com isso. Tive a oportunidade de participar no dia de ontem de uma "wine class" na Vinícola Bella Quinta, em São Roque (interior de São Paulo), que dentre outros assuntos, trouxe um sopro de esperança para a vitivinicultura paulista em geral. A "wine class" foi conduzida por Gustavo de Camargo Borges (proprietário da vinícola) e Fábio Lenk (enólogo e Coordenador do Curso de Vitivinicultura do Instituto Federal de São Paulo).

Interior da vinícola
A história do vinho em São Paulo se confunde com a história de São Roque, uma vez que a cidade já chegou a contar com mais de 100 vinícolas em sua época de fartura. É claro que quando falamos em vinho por lá, e até no Brasil de uma forma geral, muito vinho de garrafão (uvas não viníferas) está inserido nestes números, o que não descaracteriza no entanto o trabalho deste vinhateiros desde meados dos anos 20 / 30. E a Vinícola Bella Quinta não foge destas características. Chegando a quarta geração da família e em mais uma bem sucedida associação a vinícolas do sul do país (mais especificamente em Flores da Cunha) começam então em 2005 a fazer vinhos finos com uvas Cabernet Sauvigon. Mas o projeto é mais ousado e Gustavo e as pessoas que lá trabalham já fazem experimentos com uvas viníferas em solo paulista.

Gustavo e Fábio em sua introdução a vinícola e ao vinho
Fomos recebidos na sede da vinícola para um gostoso café da manhã com produtos artesanais, feitos ali pela região, como pães e queijos, entre outros, além do gostoso suco de uva feito pela vinícola. Após abastecermos os tanques, era hora de começar nossa imersão no vinho.


Após um breve apresentação da vinícola e da história da família, conduzida por Gustavo, fomos então apresentados ao Fábio, que conduziria o restante da "aula" de vinificação. Fábio é, como muitos brasileiros, cosmopolita e já viveu em diversas regiões do Brasil e fora dele. Cursou enologia em Petrolina e desde então, apesar de experiência industrial, enveredou pela área acadêmica. E era exatamente aqui que surgia a primeira notícia bacana, ao menos pra mim: São Roque ganhou um curso superior de vitivinicultura e enologia pelo Instituto Federal de São Paulo! Vejam só, agora quem quiser se enveredar e começar a aprender sobre como fazer vinhos, técnicas e tudo que circunda a profissão poderá estudar aqui em São Paulo, sem precisar se mudar para Bento Gonçalves ou Petrolina (duas pontas do Brasil). O curso é com duração de 3 anos e dá a formação de tecnólogo, que pode perfeitamente assinar pela vinícola. Ou seja, a evolução do mercado de vinhos e produtivo passa sempre pela base, que é a educação, e começamos a disponibilizar a ferramenta. Eu simplesmente achei fantástica esta informação.

Um pouco mais da wine class na prática
Seguindo nossa "wine class", Fábio também comentou sobre projetos a serem desenvolvidos principalmente em regiões como São Paulo com relação ao plantio de uvas viníferas, tais como inversão de ciclo da videira, estudo de porta enxertos e variedades que melhor se adaptam ao "terroir" paulista, enfim, um resgate e/ou criação de uma identidade para o vinho por aqui cultivado e produzido! E Fábio tem boas razões para acreditar no sucesso destes experimentos, uma vez que sua bagagem lhe mostra isso, parte dela adquirida no sertão nordestino onde teoricamente vinho seria algo impossível tempos atrás. Isso não é excelente? Eu achei esta informação muito bacana e por isso resolvi compartilhar com vocês. Afinal hoje em dia com modernas técnicas de enologia se pode produzir vinhos de qualidade fora das regiões (latitudes) consideradas excelentes. Veja, não estou dizendo aqui que o vinho virá a ser melhor ou pior que outros tantos por aqui mas sim que o vinho terá sua qualidade, simples assim.


Fábio continuou nos ensinando sobre as etapas de produção do vinho, desde a vinha até a garrafa, muito didaticamente e pacientemente com todas perguntas (em excelente professor diga-se de passagem), mostrando uma cuba de fermentação (laboratorial) e explicando detalhadamente cada etapa do processo. Foi ai que entrou o fator diversão do dia: todos que acompanhavam a aula agora entrariam no processo de fabricação e participariam do mesmo, mais especificamente na etapa do desengace das uvas. E lá fomos nós, caixa após caixa vendo as uvas se separarem de seus "cabinhos" e o mosto sendo transportado para os tanques de cimento (lagares) onde ali fermentaria e daria origem a nossa cultuada bebida de Baco. Aliás aqui outra curiosidade: muitas vinícolas após utilizarem grandes tanques de madeira e mais atualmente o inox estavam voltando um pouco na história e utilizando tanques de cimento nesta etapa do processo uma vez que o próprio cimento faz o controle da temperatura e não deixa que esta suba muito durante a fermentação. Daqui ainda teríamos mais algumas explicações sobre como as leveduras atuavam, como era feito o processo de preparação e inserção das leveduras no mosto e assim por diante.

Engaço devidamente separado
Continuando nossa aula, e daqui pra frente, degustamos o vinho em algumas etapas do processo e partiríamos para a degustação dos vinhos propriamente ditos e um belo almoço preparado pelo pessoal da vinícola. Mas como o post ficou um pouco comprido, isso será assunto para a segunda parte dessa nossa wine class. Espero que estejam gostando do que viram até aqui.

E até o próximo!

Friday, March 14, 2014

Don Giovanni: Um complexo enoturístico!

Finalizando nossa visita pelos Vinhos de Montanha de Pinto Bandeira, nos dirigimos a Vinícola Don Giovanni e posso dizer que além das paisagens que nos guiaram até lá, o que vi quando finalmente adentramos o complexo enoturístico realmente me espantou. Explico: tinha a idéia de que, até por não ser tão divulgada aqui na terra da garoa, a vinícola fosse menor e com uma linha de produtos mais enxuta. Não foi bem o que eu vi por aqui.


A Vinícola Don Giovanni é um complexo enoturístico que reúne além dos vinhedos e da vinícola, varejo para venda e degustação dos vinhos, pousada e restaurante. E tudo isso localizado num terroir a 700 metros acima do nível do mar, entremeado de uma vasta e bela vegetação com estradinhas que por alguns momentos me lembravam minha viagem a Toscana. São cerca de 18ha plantados com vinhas sendo que entre estas, se encontram as seguintes castas: Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Pinot Noir, Ancellota e Pinot Noir. Possui uma produção média de 120 mil garrafas/ano sendo que destas, cerca de 70% são de espumantes. Além disso produzem ainda um destilado de vinho, o Brandy. Hoje quem cuida da propriedade e de sua produção é a quarta geração da família. Interessante ver que eles guardam em suas caves, garafas de safras mais antigas que podem até ser vendidas, mediante encomenda do cliente.


Mantendo o ritmo das outras postagens, escolherei aqui dois produtos que mais gostei e escreverei sobre eles algumas linhas seguir. Notem que como a linha de produtos deles é muito grande, desde espumantes charmat e champenoise, passando por vinhos brancos e chegando aos vinhos tintos, posso não agradar a gregos e troianos.

A primeira escolha não é obvia se levarmos em conta que a casa conta com uma maior produção de espumantes. Estou falando do Don Giovanni Merlot, um vinho simples porém que me cativou por dosar na medida certa a fruta e madeira, sem mascarar a verdadeira essência. Frutas negras em primeiro plano, algo de tostado e tabaco sem exageros. Boa acidez e taninos marcados porém de excelente qualidade. Fácil de beber sozinho, deve acompanhar bem uma pizza portuguesa, minha preferida.


Depois, e como não poderia deixar de ser, a segunda escolha é um espumante: Don Giovanni Brut. Também de um linha mais de entrada da vinícola, me cativou por apesar de ser produzido pelo método tradicional, não ficou pesadão e manteve o frescor e a fruta vivas, apesar da coloração já tendendo a uma amarelo ouro mais escuro. Boa formação de perlage, bem persistente e com borbulhas bem pequeninas. Aromas de frutos de polpa amarela bem maduros, seguidos de leve toque de fermento e algo de mel. Em boca continua complexo sem pesar com uma acidez na medida, nem agressiva nem "mole". Delicioso, com certeza daqueles que evaporam da garrafa.

E assim nos despediamos dos vinhos de montanha com a certeza de que as descobertas aqui feitas, entrariam de vez em nossas vidas enquanto consumidores de vinhos e que a qualidade dos vinhos que íamos encontrando surpreendia cada vez mais. Será que mais surpresas viriam por ai? É esperar para ver.

Até o próximo!

Wednesday, March 12, 2014

Cave Geisse: Modernidade, requinte e claro, ótimos espumantes!

Continuando meu tour pelos Vinhos de Montanha (Pinto Bandeira), todos os caminhos me levavam a Cave Geisse. Seja por que eu estou em uma fase de descobrir melhor os espumantes, seja por que o calor que assolou São Paulo nos últimos tempos me levou a aumentar o consumo deste tipo de vinho ou mesmo por que minha amada esposa me confessou que dentre todos os vinhos que juntos viemos a degustar, os espumantes são os que mais a agradavam. E teve um quê a mais com a indicação também do amigo Alexandre Frias, que não pode deixar de ser citado.


A Vinícola Cave Geisse tem sua história intrinsecamente ligada ao Chile. Explico: Mário Geisse, fundador e proprietário da vinícola veio do Chile, onde nasceu e se formou, para o Brasil em meados dos anos 70 então com a missão de chefiar a Moët & Chandon do Brasil. Como ele era um homem sonhador e empreendedor, logo percebeu que por aqui havia muito potencial inexplorado para a elaboração de espumantes de alta qualidade e não pensou duas vezes, juntando o útil ao agradável, fundando em 1979 a Cave Geisse. Identificou em Pinto Bandeira o local ideal para plantar seu vinhedos e voilá, o sucesso não tardou. 

Ao chegar a vinícola o choque é evidente, se compararmos a estrutura com a da vinícola anterior (Valmarino). Tudo aqui parece pensado nos mínimos detalhes a fim de se obter uma senhora experiência com o vinho, desde a área produtiva até a recepção turística e a vista em si, do local. Lá só é utilizado o método tradicional de elaboração de espumantes, onde a segunda fermentação ocorre dentro das garrafas. Além disso possui 23 ha de vinhas plantadas, divididos entre Chardonnay e Pinot Noir. Existe ainda o emprego de alta tecnologia para o manejo dos vinhedos, o controle de pestes com o emprego de jatos de ar em alta temperatura (TPC), diminuindo ou praticamente zerando o uso de agrotóxicos. Depois de engarrafado e dependendo da linha a qual o vinho pertença, permanece ainda em contato com as leveduras de um a três anos no geral.

Falando um pouco sobre as linhas de vinhos disponíveis por lá, temos a mais básica e de entrada conhecida como Cave Amadeu (nome original que a vinícola possuia em sua fundação) com seus espumantes mais simples , Cave Geisse e seus espumantes TOP, El Sueño que é uma parceria da vinícola em algumas regiões vitivinícolas do planeta com vinhos tranquilos e a mais nova sensação da casa, os vinhos Vinhedos Hood, feitos com algumas parcelas de uvas de parceiros. Além disso, criaram em parceria com uma Maison francesa, um champagne que leva a marca do Sr. Geisse.Para não tornar tudo ainda mais maçante por aqui, vou fazer como no post anterior e citar dois vinhos que me chamaram mais a atenção. Me acompanham?

O primeiro é o Cave Geisse Brut, 70% Chardonnay e 30% Pinot Noir. Espumante de cor amarelo palha, com perlage fina e persistente. Muita fruta branca no nariz além de um leve toque de nozes. Em boca é extremamente agradável, fresco e fácil de se beber. 

Já o segundo é um deleite, o Cave Geisse Brut Terroir Rosé, um vinho espumante 100% Pinot Noir com 36 meses de contato com as leveduras. Cor salmão, perlage pra lá de persistente, com borbulhas muito pequenas. Frutas vermelhas em evidência, seguidos de panificação. Em boca é um show, bom corpo, fresco e cremoso, pede muito uma comida para acompanhar. Este foi meu preferido sem dúvida nenhuma.
E assim deixávamos pra trás grandes espumantes e um visual deslumbrante, em busca da próxima visita. O que será que viria a seguir?

Até o próximo.

Ps.: O tonto do blogueiro aqui não sabe exatamente o que houve mas simplesmente se esqueceu de tirar qualquer foto nesta visita e portanto deixo aqui meu pedido de desculpas e uma foto retirada do próprio site do produtor.

Tuesday, March 11, 2014

Vinícola Valmarino: apesar do sobrenome famoso, tradição e apego!

Era o dia um de nossa viagem pelo Vale dos Vinhedos e regiões próximas, apesar de termos chegado no dia anterior, com o intuito de conhecer algumas vinícolas nacionais e além disso, e talvez o mais importante, conhecer novos vinhos por lá. Apesar de já ter provado um vinho desta vinícola a um bom tempo atrás, foi depois da indicação do Alexandre Frias (Diário de Baco) que viemos parar aqui. E valeu a pena.


A Vinícola Valmarino está localizada em Pinto Bandeira, distrito do município de Bento Gonçalves, em uma região também conhecida como vinhos de montanha, dada que a altitude média dos vinhedos está ao redor dos 700 metros acima do nivel do mar. Apesar de ter sido fundada por Orval Salton, neto de Antonio Domenico Salton, esta vinícola nada tem de relação com a gigante Salton, a não ser o sobrenome. Esta inclusive era uma confusão que eu fiz algumas vezes, e peço desculpas agora que conheço um pouco melhor sua história. O nome da vinícola, Valmarino, remete ao local de origem dos antepassados da família, em Treviso, na Itália.


Chegando a vinícola e em uma parte do caminho já é possível ver parte dos 16ha de vinhas plantadas na propriedade. Fomos recebidos por uma simpática moça que depois se apresentou como caseira e que cuida da propriedade e entre outras atribuições, recebe turistas como nós em busca de conhecimento. Depois de uma rápida explanação sobre a localização das vinhas, uvas plantadas e processo de vinificação, passamos então ao varejo da Valmarino, onde finalizaríamos a visita e degustaríamos os vinhos da mesma. A vinícola tem uma linha mais simples de vinhos para o dia a dia em bag in box (Tre Fraddei) seguidos de vinhos varietais e uma linha reserva bem interessante. Para não ficar muito retórico e cansativo, destaco dois vinhos em especial, além de uma menção honrosa.


O primeiro vinho que falaremos é um varietal Sangiovese 2013 bem interessante, uva de ascendência Italiana amplamente plantada principalmente na região da Toscana que não é muito usual por aqui. Estagia por cerca de seis meses em barricas e tem uma proposta mais jovem, muito frutado remetendo a frutos vermelhos frescos com leves toques florais. Em boca é muito fresco e me pareceu muito gastronômico, como um verdadeiro Sangiovese deve ser.  Vale conhecer.


Já o próximo vinho é da linha reserva e por ser considerado top da vinícola e alvo de minha curiosidade. Estou falando do Vamarino Cabernet Franc XIII 2008. Este vinho foi criado para comemorar os 13 anos da vinícola e é um deleite em boca, mesmo pra mim que como sabem não sou profundo conhecedor nem fanático pela uva. Passou cerca de 17 meses em barricas (70% do vinho) e ainda algum tempo em garrafa antes de ser comercializado. No nariz se mostrou típico com notas herbáceas, especiarias, frutos vermelhos e toques lácteos. Na boca é encorpado e com taninos marcados, porém é equilibrado e com pouco álcool, o que o torna leve e fácil de beber. Final de longa duração. Um baita vinho.

Como menção honrosa, o Merlot varietal da Valmarino também é muito bom. Fresco, frutado, elegante sem estar carregado de álcool e madeira. Ideal para os paladares mais sensíveis. Sabemos que a Merlot é uma uva francesa e que se adaptou muito bem na Serra Gaúcha, mas muitos exemplares se tornaram um cara do outro e quando temos um destaque como este, temos que compartilhar.

Uma delícia poder conhecer assim os sabores do nosso país, ver este povo que trabalha mesmo e sua em suas terras em busca de um produto realmente único e de qualidade não? Duas coisas começavam a me chamar a atenção neste início de viagem: a capacidade do Brasil em fazer vinhos com teores alcoólicos mais baixos que nossos irmão latinos e uvas que comumente não encontrava por aqui e/ou não era muito fã começavam a fazer minha cabeça. Confirmemos com a continuidade das visitas.

Até o próximo!

Monday, March 10, 2014

Ponta de Estoque Mistral com dólar a 1,29

Prezados leitores, quem me acompanha sabe que não costumo fazer muita propaganda de importadoras nem nada semelhante, mas esta promoção de "começo de ano" da Mistral me chamou muito a atenção. Para quem não conhece, a Mistral atrela o preço de seus produtos ao Dólar e converte de acordo com a variação da moeda para o Real, fazendo com que seus preços sejam um pouco mais voláteis que a concorrência. Agora, a Mistral está fazendo uma promoção de cair o queixo. Enquanto a moeda norte americana circula pelos R$ 2,30,  a Mistral irá vender seus produtos atrelados ao dólar convertendo a moeda para o real a 1,29.


A Mistral é sem dúvida uma das maiores, se não a maior, importadora de vinhos no mercado nacional. Soma-se a isso o fato de escolherem muito bem os produtores com os quais eles trabalham. Com a promoção descrita acima fica fácil de entender o por que eu estou aqui divulgando tal promoção.

Acessem o site da promoção aqui.

Vocês não irão se arrepender.

Até o próximo!


Encontro de Vinhos Rio de Janeiro 2014

Como meus leitores mais assíduos já devem saber, o Encontro de Vinhos é um evento itinerante que visita diversas capitais brasileiras e outras cidades menores divulgando muito mais do que vinhos, divulgando toda cultura que o envolve além de gastronomia e oportunidades imperdíveis de dividir o conhecimento com outras pessoas, formadores de opiniões, jornalistas e muito mais. E o evento está de volta agora ao Rio de Janeiro. A data se aproxima, dia 13 de março, próxima quinta feira, e o evento estará armado no Real Astória das 14 as 22h. 


Agora para quem não conhece ou quer relembrar sobre o assunto, o evento funciona mais ou menos assim: você chega, faz o credenciamento, pega uma taça e percorre as mesas em que os expositores terão o maior prazer em conversar contigo, mostrar os vinhos e claro degustar e aprender muito. E para quem estiver em busca de bons preços e boas oportunidades, diversos expositores aproveitarão o evento e venderão seus vinhos a preços especiais. Confira abaixo um resumo das informações:

Encontro de Vinhos Rio de Janeiro 2014
Data: 13 de março (quinta-feira)
Local: Real Astoria – Av. Repórter Nestor Moreira, 11 – Botafogo, RJ
Horário: das 14h as 22h
Convite: R$ 60,00

Os convites serão vendidos na hora por R$ 60,00 mas poderão ser comprados com antecedência aqui no site com desconto exclusivo. E lembre-se: se você é associado da SBAV ou da ABS, tem 50% de desconto. Não perca esse evento. Venha provar vinhos espumantes, brancos, rosés, tintos de dezenas de produtores e importadores.

Ainda restam dúvidas? Acessem www.encontrodevinhos.com.br e façam contato. Eu recomendo.

Até o próximo!

Voltando a atividade por aqui

Prezados leitores e leitoras, após uma semana de folga de trabalho e do blog, voltamos com muitas novidades engatilhadas por aqui. Explico. Estivemos em uma viagem a Serra Gaúcha com direito a muitas visitas a vinícolas que ainda não conhecíamos e muita coisa boa vai aparecer por aqui nos próximos dias, assim que eu colocar minhas idéias e o trabalho em ordem. Enquanto isso, deixo um apanhado de imagens para ir aguçando a curiosidade de vocês.
































Até logo!