Depois de todo o contato que tivemos com a natureza, fruto de nossa visita ao Parque Temático Dal Pizzol, além das baterias recarregadas, eu poderia jurar que pouca coisa me surpreenderia a partir daqui nesta viagem de imersão aos vinhos brasileiros. Eu estava completamente errado. Por indicação de uma amiga, a Evelyn do blog Taças e Rolhas, resolvi incluir em meu roteiro a visita a Vinícola Estrelas do Brasil ainda em Faria Lemos, já afamada por seus vinhos espumantes espetaculares (havia provado um deles inclusive).
A estrada era sinuosa e ia subindo como se fossemos encontrar o céu. É claro que o dia ajudava e o sol mostrando sua cara, de maneira a iluminá-lo. De repente. seguindo as indicações e placas do caminho, me deparei com uma casa e uma vista deslumbrante. Depois de muito me questionar e questionar minha esposa se estávamos no lugar correto, achei por bem desistir e me contentar com o fracasso. Qual não foi minha surpresa ao descer do local onde a casa se encontrava e cruzar um homem guiando um casal e seu cão por alguns vinhedos, ao questioná-lo se ele conhecia a vinícola, o mesmo me dizer que sim e que eu poderia encostar o carro em um platô logo a frente. O homem era Irineo Dall’Agnol, enólogo e proprietário da vinícola.
Irineo é um homem peculiar. Formado em Ciências Agrárias pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Enólogo pela Escola de Enologia de Bento Gonçalves - RS, possui algumas especializações na área, inclusive fora do país, além de trabalhar também na Embrapa, em um departamento cujo foco são inovações vitivinícolas. Mas o que o diferencia dos outros enólogos com quem conversei, é sua franqueza. Enxergou que o potencial dos espumantes brasileiros, apesar de já ser reconhecido lá fora, estava subutilizado e defasado tecnologicamente. Além dos vinhos espumantes de grande qualidade, comprou sua propriedade pensando também no enoturismo, seguimento que não para de crescer ao redor do mundo, que conta com uma das vistas mais incríveis que já presenciei até hoje: o vale de Faria Lemos.
A Estrelas do Brasil foi fundada em 2005 tendo como objetivo principal de atuação focado na elaboração e comercialização de vinhos espumantes finos de qualidade. O nome ESTRELAS DO BRASIL é uma homenagem especial ao descobridor Dom Pérignon que no ano de 1670 na região de Champagne, França, após desvendar esta magnífica bebida saiu gritando "Estou Provando Estrelas". Além do emprego de novas tecnologias, como o uso de leveduras encapsuladas que fazem com que o processo de remuage não se faça necessário na produção de seus vinhos espumantes ou mesmo a produção de um belo Proseco através de um método de única fermentação ao melhor estilo Asti, prezam pelo meio ambiente e saúde de seus consumidores. Conta com quase que único meio de vendas seu website na internet.
Depois de uma passeio a pé em meio a vinhedos e mais vistas arrasadoras, nos sentamos em cadeirinhas de madeira aos pés do vale e da serra a fim de degustarmos algumas de suas obras de arte. Ele pediu que escolhêssemos o que iriamos degustar. Optei então por dois dos vinhos espumantes que irão ser comentados na sequencia.
O primeiro vinho espumante degustado foi o Estrelas do Brasil Brut Proseco, obtido pelo método charmat com uma única fermentação (similar ao método Asti), com 100% de uvas Prosecco(Glera). Um espumante leve, de cor quase prateada (como os bons exemplares italianos são) e com perlage fina, abundante e muito persistente. Aromas de frutos cítricos e florais, bastante fragrante. Fresco, leve, vai bem em muitas ocasiões, mesmo que bebido sozinho. Esse evapora da garrafa com toda certeza.
Já o segundo exemplar que foi degustado foi o Estrelas do Brasil Nature Rosé Champenoise, obtido pelo método champenoise (segunda fermentação em garrafa), a partir de um corte das uvas Pinot Noir, Chardonnay, Viogner e Rieslig Itálico. Este espumante já é outra história, mais encorpado e volumoso em boca, apresentou uma coloração rosa clara com perlage persistente e de bolhas minúsculas. Aromas terciários em evidência, lembrando terroso, fermentação, defumado e com frutas em segundo plano. Ótima acidez, sem se tornar agressiva, conta ainda com um final de longa duração. Às cegas diria se tratar de um bom champagne.
A hora de se despedir deste espetáculo da natureza, de bons vinhos e muitas histórias foi um pouco doloroso. Mas era hora de darmos continuidade a nossa viagem. O que será que viria depois? Será que ainda conseguiríamos nos surpreender? Só o tempo diria.
Até o próximo!
Me transportei pra lá com seu texto!
ReplyDeletebeijo
Obrigado pelas palavras gentis! Não tem como não sonhar com aquele lugar diversas vezes.
DeleteBeijão