Wednesday, April 2, 2014

Espumantes Adolfo Lona: Dedicação e paixão!

Retomando mais uma vez nosso pequeno apanhado das visitas que fizemos às vinícolas do sul do país na semana do carnaval, chegou a vez de contar sobre uma visita que eu tinha muita ansiedade sobre, que era visitar a Adolfo Lona Vinhos Espumantes. E minha ansiedade se dava ao fato de já ter provado um baita vinho espumante por ele produzido mas também pelo número de histórias que ouvia falar a respeito. Será que toda ansiedade se traduziu numa visita "pra se lembrar"? É o que veremos a seguir.


Antes de prosseguirmos porém, um parenteses para respondermos a pergunta: mas afinal, quem é Adolfo Lona? Adolfo Lona nasceu na Argentina (Buenos Aires) e se formou em enologia na meca do vinho argentino, Mendoza. Chegou ao Brasil como contratado para assumir a direção técnica da Martini e Rossi no tocante a novos projetos relacionados a vinhos e espumantes, onde permaneceu por 30 anos. Ao fim deste relacionamento tão duradouro e frutífero, Adolfo Lona partiu para a realização de um sonho pessoal, o de possuir sua própria produtora de vinhos. Fecha parenteses.

Quando pensamos em vinícolas, mesmo as que já vinhamos visitando ao longo de nosso passeio, sempre pensamos em ao menos um grupo de pessoas trabalhando no local. Nossa surpresa foi quando, ao chegarmos a sede de produtora de vinhos, em Garibaldi, fomos carinhosamente recebidos pelo Roberto, que seria nosso anfitrião durante a visita. Na sala de recepção, pediu que aguardássemos um momento, pois estava terminando outra atividade e logo nos receberia, atividade esta que mais tarde entenderíamos que era engarrafar os vinhos espumantes. Sim, queridos leitores, o Roberto é o faz tudo da produtora de vinhos e braço direito do seu Adolfo Lona (que infelizmente não se encontrava por lá no dia). E era isso, esses eram os funcionários da vinícola, seu Adolfo e o Roberto.

Falando um pouco da companhia em si, a Adolfo Lona Vinhos Espumantes é uma pequena produtora de espumantes na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul. Sua produção artesanal é extremamente limitada. Produz vinhos espumantes tanto pelo método tradicional como pelo método charmat. Adolfo conseguiu criar um lugar único quase que na "garagem" do lugar, gerando condições propícios para a produção de seus vinhos. E isso sem o auxílio de equipamentos ultra modernos e grandes. Tais condições vieram a se mostrar ideais para a produção de espumantes da mais alta qualidade. Quando falamos de produção pelo método charmat, no entanto, a coisa muda um pouco de figura e o seu Adolfo utiliza instalações e equipamentos de terceiros, não deixando porém de acompanhar um só segundo, o ciclo de vida de sua cria. 

A medida que passeávamos pelas instalações, era possível ver onde cada etapa da produção era executada, desde o engarrafamento, colocação da rolha, remuage, congelamento do bico, enfim, cada etapa com as explicações do Roberto (que inclusive mostrava na prática algumas etapas) se tornava uma aula. Mas é claro que depois de tudo isso, vinha sempre a parte organoléptica da visita: a degustação. E foram escolhidos dois vinhos espumantes para provarmos, sobre os quais falarei um pouco a seguir.


O primeiro deles foi o Adolfo Lona Brut Rosé, espumante elaborado pelo método charmat e que possui em sua composição Chardonnay e Pinot Noir. Este vinho é mais fresco, fácil de beber e entender. Tinha uma coloração salmão puxando casca de cebola roxa com borbulhas minúsculas, extremamente abundantes e persistentes. No nariz o vinho alternava frutos vermelhos frescos com toques cítricos, lembrando um pouco de abacaxi e limão siciliano. Na boca tem boa cremosidade, aliando ainda boa acidez e e estrutura média. Retrogosto confirma olfato e o final é de média para longa duração. Sem dúvida um belo vinho espumante. 


O último deles foi o Adolfo Lona Nature Pas Dosé, este um vinho espumante produzido pelo método tradicional e que já apresentava maior complexidade e merece mais atenção ao ser degustado. Este vinho tem uma curiosidade. Além de conter em sua composição Chardonnay e Pinot Noir, tem uma pequena parcela de Merlot vinificado em branco, a qual se atribui uma certa diminuição na acidez a fim de tornar a experiência com o espumante mais agradável. Outro aspecto importante a ressaltar é que esse espumante não tem adição de açúcar. Por fim passa 18 meses em contato com as leveduras. De cor amarelo dourada, possui também borbulhas incrivelmente pequenas e persistentes. Já apresenta aromas de fermentação, mel, manteiga e toques de damascos secos. Na boca é muito cremoso, acidez na medida e complexidade incrível. Confirma o olfato sem dúvida e deixa uma incrível e agradável lembrança no palato por um bom tempo. Sem dúvida, um grande vinho espumante. De se beber e refletir sobre a vida, sem dúvidas.

Com certeza uma visita para permanecer na memória. O único porém foi não ter cruzado com o seu Adolfo Lona para ouvir suas histórias incríveis sobre o mundo dos vinhos. Motivo mais do que suficiente para voltar em outra oportunidade. E assim, deixávamos pra trás mais esta visita.

Até o próximo!

2 comments:

  1. Victor, abri um Orus agora na virada do ano e estava procurando informações de pessoas que já tomaram para ver com as minhas e achei seu post.
    O Adolfo é um cara espetacular, que pena que não conseguiu encontra-lo lá, mas se tiver outra oportunidade, será bem bacana. Umas das melhores experiências que eu e minha esposa tivemos. Abração.

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    1. Rodrigo, que prazer em te-lo por aqui.

      Eu simplesmente virei fã do Adolfo e dos seus espumantes, são todos muitos bons e o Orus, sem comentários. Na minha modesta opinião e pequeno conhecimento que divido aqui, acho que rivaliza com alguns dos melhores espumantes do mundo, incluindo champagnes.

      Abração

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