Na noite da última segunda-feira, a convite do jornalista e blogueiro
Beto Duarte (
Blog Papo de Vinho), estive reunido com um grupo de blogueiros, jornalistas e formadores de opinião para a apresentação de vinhos italianos sicilianos muito peculiares das
Aziendas Agricola Vasari e
Patrì, trazidos ao Brasil pela
Itay's Wine no restaurante
Parigi, em Sampa. A estrela da noite seria a uva tinta
Nero D'Avola, autóctone da região e acompanhada por sua fiel escudeira, a
Inzolia, uva branca também autóctone da região.
A Sicília é uma ilha do mar Mediterrâneo mais ao Sul da Itália, pertencente a um arquipélago de ilhas menores onde se encontra por exemplo, a ilha de Malta. A Sicília é separada do continente e da Itália peninsular pelo estreito de Messina, de somente três quilômetros, onde se encontra, com seu magnífico porto natural, a cidade de Messina. Fala-se de vinho na Sicília desde muito tempo, ainda no século VIII AC, quando colonos gregos por lá se instalaram, principalmente em sua área costeira. Houveram períodos recentes em que o vinho da Sicília foi colocado de lado dado o sucesso de outras áreas vitivinícolas italianas como a Toscana e o Piemonte, por exemplo. Mas a grande virada tecnológica aconteceu e hoje em dia alguns de seus vinhos disputam palmo a palmo o mercado internacional com seus irmãos italianos. Uvas autóctones como a Catarrato e a Inzolia (brancas) além das Nero D'Avola e Frapatto (tintas) costumam ser as mais utilizadas, ao lados das internacionais, por lá.
A primeira vinícola a se apresentar foi a Azienda Patrì, uma vinícola que foi fundada ainda em 1936 na Sicília e que agora cobre cerca de duas centenas de hectares, um terço cultivada com as variedades Nero d'Avola, Syrah, Cabernet Sauvignon, Catarratto e Insolia. A empresa acredita que o uso racional dos recursos de uma área entre os melhores do mundo para o cultivo de videiras leva à produção de uvas finas e ao nascimento de grandes vinhos. Foram mostrados dois vinhos.
O primeiro foi o Patrì Solitario Bianco Inzolia, um vinho feito 100% com a casta branca autóctone Inzolia sem passagem por madeira apesar do contato com as leveduras em tanques de inox. Um vinho de cor amarelo palha com reflexos dourados, aromas de frutas como pêssego, toques florais e leve picância. Em boca muita acidez, algo mineral e um corpo médio. E o melhor, custa cerca de 50 reais, é pra comprar de caixa. O outro vinho apresentado foi o Patrì Solitario Nero D'Avola, também 100% feito com a uva que dá nome ao mesmo. Um vinho de coloração rubi violácea de média intensidade, bom brilho e boa transparência. Aromas de frutas vermelhas frescas e algo de floral. Na boca taninos finos, boa acidez e um corpo leve para médio. Outro vinho que por 50 dinheiros, vale conhecer. Eu vou aqui parafrasear o também blogueiro (entre outras atribuições) Mauricio Tagliari: "é o companheiro ideal da pizza de sábado".
Depois era a vez da Azienda Agricola Vasari fazer suas apresentações. Por cerca de 1000 anos, a família Vasari tem cultivado vinhas por todo o vale do rio Mela em Santa Lucia del Mela e Meri. Como eles mesmos costumam dizer, a produção de um bom vinho é uma arte e como toda verdadeira arte, exige experiência, habilidade e paixão. Desde 1990, Ruggero Vasari tem introduzido e, posteriormente, desenvolvido métodos de agricultura orgânica para o cultivo da terra na propriedade. Como resultado a Azienda foi uma das primeiras na Sicília a adotar os exigentes requisitos da Comunidade Europeia para a agricultura biológica e absoluto respeito ao meio ambiente hoje a cargo da sétima geração da família.
O primeiro vinho mostrado foi o Principe Siciliano Rosso Sicilia IGT, um vinho 100% Nero D'Avola da região do município de Santa Lucia del Mela ainda sem passagem por madeira. Um vinho de coloração rubi violácea de média intensidade, bom brilho e boa transparência. Mostra aromas de frutos vermelhos, tinta de caneta e algo de floral. Na boca um vinho de corpo leve para médio, boa acidez e taninos finos. Na faixa dos 50 reais também. O segundo vinho apresentado pela Vasari foi o Mamertino Nero D'Avola, também 100% desta uva e com passagem de 6 meses por madeira. De visual rubi violáceo, boa limpidez e transparência, o vinho apresentou aromas de frutas vermelhas, especiarias doces e algo que me lembrou batom. Na boca um vinho de corpo médio, boa acidez e taninos finos. Este um pouco mais caro, na faixa dos 100 reais. O vinho seguinte foi o Mamertino Rosso, um corte de 90% de Nero D'Avola com 10% de Nocera. Este já é um vinho um pouco mais elaborado e passa por madeira, os famosos botti, antes de ser liberado ao mercado. Com coloração com tendências granada, o vinho apresentou aromas de frutas maduras escuras, notas balsâmicas, baunilha e algo de madeira. Na boca o vinho tinha corpo médio, boa acidez e taninos mais marcados, porém de boa qualidade. Este também por volta do 100 reais. Por último tivemos uma surpresa: estava sendo trazido pelo primeira vez ao país e mostrado ao mercado naquela noite o Mamertino Cru Timpanara Riserva, um vinho 100% Nero D'Avola de uvas colhidas manualmente de um único vinhedo, Timpanara, e envelhecido em carvalho. No visual já se notava uma coloração com o granada um pouco mais pronunciada, pouco brilho e pouca transparência. No nariz mostrou aromas de framboesas, baunilha, flores e algo de madeira. Em boca um vinho encorpado, de boa acidez e taninos maduros. Simplesmente muito bom. Uma pena que este já no patamar dos 200 reais. Mas todos o vinhos são interessantes e merecem atenção.
Depois fomos brindados com o impecável serviço de jantar pelo restaurante Parigi com 3 opções para cada etapa do jantar: entrada, prato principal e sobremesa. E tudo regado a muito vinho, a vontade. Minhas opções foram, para a entrada bacalhau com alho poró e azeite que estava muito bom; prato principal um belo pernil de cordeiro assado por 7 horas que desmanchava soltando do osso a cada garfada, acompanhado de polenta e pra finalizar uma torta mousse de chocolate amargo, café e avelãs. Tudo muito bem feito, saboroso e com atendimento perfeito.
Com isso encerrávamos a cobertura de mais um evento mega bacana, agradecendo a todos envolvidos por mais uma bela organização e torcendo para que o ano que vem continue da mesma fora.
Até o próximo!