Atualmente, dos países vizinhos que produzem vinhos, o Uruguay tem sido o que mais me surpreende. E isto tem se devido principalmente a "domesticação" da rústica Tannat à descoberta de blends bem interessantes (usando até mesmo castas pouco usuais por estes lados) que tem sido criados por lá. E foi o que pude presenciar mais uma vez no Masterclass do Tannat Tasting Tour São Paulo, que aconteceu no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo no último dia 22 de agosto, evento este organizado pela Wines of Uruguay.
Não há como negar que, até como parte de um case de sucesso de marketing, a uva Tannat se tornou símbolo do país vizinho e, como não deveria deixar de ser, o mote da Masterclass é o uso da casta, seja em vinhos varietais e em cortes. Até grandes críticos do mundo do vinho acabaram por se render aos vinhos tintos vindos do Uruguay, como a aclamada Jancis Robinson, por exemplo. E o Brasil tem uma grande parcela contribuinte no consumo de vinhos vindos do nosso vizinho: cerca de 60% das exportações uruguaias tem como destino o nosso mercado, chegando a volumes que ultrapassam os 2 milhões de litros.
Sobre o evento em si, estavam disponíveis mais de 125 rótulos diferentes de vinhos além de representantes dos importadores e vinícolas, sempre solícitos no contato com o público em geral. O local escolhidos não poderia ser melhor: o visual de fim de tarde da cobertura do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (mesmo em um dia onde o clima não foi o parceiro ideal) adicionou um quê artístico ao tasting. Nas linhas abaixo vou destacar dois vinhos que me chamaram a atenção na Masterclass. Espero que tenham sido do agrado de vocês também.
O primeiro vinho que eu vou destacar é o Alto de La Ballena Tannat Viognier 2013, produzido por uma vinícola boutique localizada em Maldonado (Alto de La Ballena), muito próximo ao balneário de Punta Del Leste, numa belíssima serra da região. O vinho é feito a partir de um corte de Tannat (85%) e Viognier (15%). O interessante aqui é que as uvas Tannat são fermentadas em conjunto com as cascas da Viognier e o mosto da Viognier é fermentado separadamente. O vinho resultante do corte fica 9 meses em barricas de carvalho americano para amadurecimento. Temos como resultado um vinho de coloração rubi violácea de grande intensidade com bom brilho e limpidez. No nariz o vinho apresentou aromas de frutos vermelhos, flores, chocolate, especiarias e um fundo mineral. Na boca o vinho se mostrou de corpo médio para encorpado, boa acidez e taninos macios. O retrogosto confirma o olfato e o final era longo. Um vinho elegante e potente.
Por último falaremos do Don Julio Ariano Tannat/Merlot/Syrah 2013, um vinho feito a partir de uvas Tannat selecionadas de uma parcela especial acrescidas de Merlot e Syrah. O vinho estagia por 18 meses em barricas francesas e americanas para amadurecimento. Além disso, antes da liberação ao mercado, o vinho passa por 12 meses em garrafa para envelhecimento. Este vinho foi criado em homenagem a Don Julio Ariano, um dos pioneiros da família na propriedade. Como resultado temos um vinho de coloração violácea profunda, brilhante e límpida. Trouxe no nariz aromas de frutas em compota, chocolate, flores, baunilha, especiarias doces e leve toque de tabaco. Na boca é encorpado, carnudo, de boa acidez e taninos redondos. O retrogosto confirma o olfato e o final era longo e saboroso. Baita vinho!
Foi isso que eu quis trazer pra vocês, meus prezados leitores, entretanto caso você tenha participado da Masterclass ou da feira, deixem nos comentários suas impressões, vinhos que mais gostaram e afins. Fico no aguardo.
Até o próximo!
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