Alguns dias atrás eu estava viajando com minha família em Campos do Jordão, região serrana do interior de São Paulo, quando descobri que existia um novo empreendimento vinícola na região, e resolvi arriscar a visita. E não é que, dadas as devidas proporções, fui surpreendido positivamente? Vamos ver o que eu pude descobrir sobre a Villa Santa Maria - Brandina Vinhos?
Saindo de Campos do Jordão, o passeio se inicia descendo a serra pelo Vale do Baú em pequenas estradas vicinais de terra, areia e pedriscos, o que pode assustar de princípio. Mas a passagem por bosques e muita mata nativa da região vale a vista e a chegada até a sede da produtora de vinhos é deslumbrante.
Recebidos então pelo Cristian (peço perdão caso o nome não seja esse, minha memória não me ajudou neste quesito), começamos a entender a história por trás do empreendimento bem como da produção dos vinhos na propriedade. O projeto teve seu início em meados dos anos 2004 através do empresário Mario Carbonari, que herdou o amor pelo vinho dos avós, italianos da região do Vêneto, e resolveu apostar no seu sonho depois de anos no mercado de tecnologia. Segundo o Cristian, a meta é de se plantar até 90 mil vinhas até o final deste ano. E aqui falamos de Sauvignon Blanc, Syrah, Merlot, Cabernet entre outras. O relevo e clima da região são bem interessantes no quesito luminosidade, amplitude térmica, chuvas moderadas, altitude e solo pobre, criando boas condições para o cultivo de uvas.
Todo o mix de condições descritas acima tem sido comumente chamadas de "terroir de inverno" atualmente, o que obriga ainda os viticultores a fazer a inversão de ciclo das parreiras (em relação ao hemisfério norte) e a utilização da dupla poda das plantas. E para tal a Villa Santa Maria, detentora dos rótulos Brandina Vinhos, conta ainda com a consultoria de Murilo Albuquerque, um dos grandes especialistas nestas técnicas em nosso país.
O projeto Villa Santa Maria, ainda em fase de expansão, tem atualmente as uvas colhidas e enviadas para a EPAMIG, em Minas Gerais, onde passam pelos processos de fermentação, envelhecimento e engarrafamento, antes de estarem disponíveis para a venda. O mais legal disso tudo é que a esposa do Mário, Célia Carbonari, é a arquiteta responsável por todo o projeto da vinícola. Atualmente está em fase final de construção uma grande cave subterrânea e num futuro próximo, um local para produção local também está nos planos.
A propriedade conta ainda com diversos atrativos que complementam ainda mais a visita: trilhas, cachoeiras, bosques para piquenique, quadra de bocha, loja de vinhos e quitutes da região além de uma Bruschetteria, espaço gastronômico da propriedade. O restaurante chama-se Bruschetteria da Villa e está a cargo do chef Guilherme Pazzianotto.
Eu confesso que sempre fui muito cético com vinhos nacionais, embora tenho visto uma boa evolução nos últimos anos, principalmente no tocante ao uso do termo terroir único e coisas correlatas. Afinal, mundo a fora, o termo terroir é empregado a locais "seculares" e que possuem toda uma cultura ancestral quando falamos de cultivo de uvas e produção de vinhos, coisa que o Brasil ainda não tem a curto e médio prazo. De qualquer forma, a descoberta de novas regiões produtoras de vinho de qualidade aqui no Brasil tem despertado atenção e portanto eu, como apreciador da bebida de Bacco, sempre tento conhecer mais sobre o assunto. O grande questionamento que eu deixo aqui é que, dadas todas as variáveis envolvidas no processo produtivo e de vendas de vinho (como a de taxação e impostos, a mais sensível no mercado nacional), o preço aplicado aos vinhos nacionais não me parecem compatíveis com o que o mercado consumidor está disposto a pagar, nem tem condições para tal. Gostaria de saber a opinião de vocês.
Sobre os vinhos, farei um post específico para eles logo menos.
Até o próximo!
Bom saber que mais vinícolas estão explorando o terroir da Mantiqueira
ReplyDeleteÉ verdade, eu gosto muito de provar estas novidades!
DeleteSempre o malfadado imposto.Na minha humilde opinião, se o imposto baixasse venderiam ,e consequentemente maior arrecadação.
ReplyDeleteTem isso também, mas eu ainda acho que a precificação poderia ser melhor explorada.
DeleteConcordo em praticamente tudo que disse. Fic meio impraticável o valor final da garrafa. Comprei 2 garrafas pelo puro prazer de apreciar e valorizar um vinho brasileiro de qualidade. Mas pelo preço pago, pode-se comprar um maravilhoso chileno ou até mesmo italiano.
ReplyDeleteÉ isso, essa é a minha maior crítica!
DeleteEstou de acordo com os comentários do Juca e a opinião do Victor.
ReplyDeleteRecentemente estive em Campos e conheci um local, vinicola e restaurante, estilo slow food, onde tudo é preparado na hora, prato a prato. No quesito vinho, ofereciam alguns rotulos, mas eu fui disposto a tomar um "terror" e assim o fiz. "Um vinho da uma Pinot Noir de safra especial" que não chegou a surpreender a não ser pelo preço R$ 160,00. Fiquei com esse mesmo sentimento, apesar de ser válida a experiência, marcou negativamente pelo custo do vinho.
Espero que um dia encontrem a precificação correta, justa e assim prestigiarmos nosso vinho.
Um abraço.
É isso, sempre falo que o prazer tem que vir aliado a um bom preço, caso contrário fica difícil.
DeleteAbraço
Estou de acordo com os comentários do Juca e a opinião do Victor.
ReplyDeleteRecentemente estive em Campos e conheci um local, vinicola e restaurante, estilo slow food, onde tudo é preparado na hora, prato a prato. No quesito vinho, ofereciam alguns rotulos, mas eu fui disposto a tomar um "terror" e assim o fiz. "Um vinho da uma Pinot Noir de safra especial" que não chegou a surpreender a não ser pelo preço R$ 160,00. Fiquei com esse mesmo sentimento, apesar de ser válida a experiência, marcou negativamente pelo custo do vinho.
Espero que um dia encontrem a precificação correta, justa e assim prestigiarmos nosso vinho.
Um abraço.