Mais um post sobre vinhos degustados no final de semana, este um chileno típico da casta que se tornou símbolo do país, a Carmenére e proveniente de uma região que eu até então desconhecia, o Vale da Sagrada Família na região central do Chile.
Aliás, uma estória que eu acho bem curiosa é a da uva Carmenére. Diz a história que esta casta estava quase que extinta no mundo devido a filoxera que assolou a europa num determinado período mas foi redescoberta de uma maneira inusitada no Chile. Durante muito tempo se imaginou que seriam uvas Malbec que não estavam maturando direito e geravam vinhos muito verdes. Isto quando um pesquisador descobriu que na verdade existiam algumas vinhas de Carmenére misturadas a vinhas de Malbec e que por sua maturação mais tardia, estavam sendo colhidas antes do prazo e por isso gerando vinhos com características de frutas mais verdes. Quando se separam tais vinhas e as uvas Carmenére passaram a maturar da forma ideal começaram a produzir excelentes vinhos provenientes desta casta no Chile, tornando-se então a uva símbolo do país.
Outro ponto a se destacar é que mesmo com a inscrição Gran Reserva no rótulo, a legislação vinícola chilena não determina quaisquer controles adicionais a produção destes vinhos diferentemente do último vinho postado, um espanhol, que possui legislação onde determinadas inscrições no rótulo demonstram maiores controles a cerca da produção. De qualquer forma, os produtores sul americanos em geral utilizam estas escrita no rótulo normalmente para diferenciar linhas de maior qualidade em sua produção. Vamos as impressões sobre o vinho.
Produzido pela vinícola Korta para exportação (não encontrei informações mais detalhadas na internet sobre o vinho) este exemplar é típico da variedade. Na taça apresentou uma cor violeta muito intensa e brilhante, lágrimas finas, abundantes, rápidas e também com muita cor chegando até a tingir a taça.
No nariz abriu com aromas que lembravam groselha bem fresco e com um toque herbáceo ao fundo. Após algum tempo mostrou também uma baunilha e toques amadeirados, mostrando bastante complexidade. Já ao final da taça ainda existia um toque de tostado.
Na boca o vinho apresentoucorpo médio, taninos vivos e marcantes porém muito finos e elegantes, uma acidez bem característica tornando o vinho excelente gastronomicamente falando além de uma natural refrescância para combater o calor senegales que se fez presente neste domingo em Sampa. O álcool não se fez presente apesar dos 14,5% deste varietal, se mostrando muito equilibrado com o conjunto. Mais uma vez o frutado de groselha se fez presente com alguns toques vegetais bem discretos. Final longo e persistente com um leve amargor, o que não prejudicou o vinho.
O vinho foi degustado em conjunto com uma bela rabada e polenta cremosa e não fez feio, criando um bom conjunto com o prato. Este também foi comprado em Atibaia e não passou dos R$35,00, o que pra mim faz um excelente custo benefício. Recomendado!